Às 09 horas da próxima quarta-feira, 17, a Prefeita Belkis Fernandes, cumprindo o compromisso assumido com a população ourinhense para expandir o número de vagas em creche, vai inaugurar a creche da COHAB - NEI “Profª Vera Lúcia Ferreira de Moura Rocha”.

         O Núcleo de Educação Infantil tem capacidade para atender até 200 crianças (de 0 a 5 anos) e conta com uma estrutura moderna, equipado com laboratórios de informática, playground, acessibilidade às pessoas com necessidades especiais, salas de leitura, dentre outras benfeitorias.

         “Entregar uma obra tão importante quanto uma creche é motivo de grande satisfação para nós. Além de um espaço onde os pais podem deixar seus filhos enquanto trabalham, as crianças são atendidas por profissionais qualificados e comprometidos, o que contribui muito para o desenvolvimento de habilidades e aprendizado dos nossos alunos. Esta é mais uma creche que viabilizamos em parceria com o Governo Federal que vem para contribuir na diminuição da demanda reprimida de vagas em creche do município”, pontuou a prefeita Belkis.

         O Governo Municipal tem investido seriamente os recursos oriundos da Educação. Há pouco tempo inaugurou uma escola municipal no Jardim Itamaraty, uma creche no Jd. Flamboyant, sem contar todas as revitalizações que está realizando nos prédios de várias escolas da rede municipal.

         Biografia da Profª Vera Lúcia, patrona da creche

         Nascida em Ribeirão do Sul aos 31 de março de 1949, filha do pedreiro Augusto Cardoso de Moura e da dona de casa Ana Aparecida de Moura, mudou-se para Ourinhos em 1953 aos quatro anos. Filha de pais carentes, trabalhadores e honestos, recebeu bolsa de estudos na Escola Normal Livre Imaculada Conceição (Colégio Santo Antônio) onde se formou em 1967, quando deu início a sua grande jornada no Magistério.

         Nesta mesma escola em 1964, conheceu aquele que viria a ser seu esposo, Jaime Ferreira Rocha, com quem se casou em 08 de janeiro de 1972.

         Almejando transformar o mundo por meio do sonho e da fantasia, a educação era seu sacerdócio e sua bandeira. Foram 34 anos dedicados ao amor às crianças e à educação.

         Iniciou sua carreira como professora em uma “Escola de Emergência”, como eram chamadas as escolas localizadas em fazendas, situada próximo ao aeroporto da cidade. Para isso enfrentou o preconceito da época indo de charrete até o local, meio de transporte considerado inadequado para uma moça correta como ela.

         Logo no segundo ano, já conciliava dois empregos: continuou como professora nesta “Escola de Emergência” e passou a atuar também como inspetora de alunos na escola do bairro Vila Odilon.

         Escolas como E.E. “Prof. Dalton Morato Villas Boas”, EMEI “Dona Josefina da Silva e Sá” e a EMEI “Viriato Correia”, foram algumas das instituições que também tiveram o privilégio em tê-la como mestre.

         Também conhecida como a “professora Vera do parquinho”, transformou o “Parque Infantil” Viriato Correia, ao qual dedicou a maior parte de seus trabalhos, em referência de qualidade de educação infantil na cidade, onde as vagas para aquela escola tornaram-se disputadíssimas. Este era procurado pelo carinho, competência e profissionalismo que Vera Moura e suas colegas de trabalho dispensavam a seus alunos. 

         As festas juninas naquela escola eram uma das atrações da cidade. Vera Moura não deixava nenhuma criança sem as vestes típicas, logo improvisava e transformava uma simples camiseta num belo vestido. Com sucatas, bom gosto e amor, transformava o “parque” num verdadeiro terreiro de São João. E claro, não podia faltar uma figura famosa na cidade e indispensável para as fotos, o Jipe de seu pai que transportava os alunos da casa da Vera até a escola para o evento.

         E “Dona Nenê”, sua mãe, falecida em dezembro de 2011, também fazia parte daquela escola. Por residir em frente ao “parque” e por ter um coração enorme e generoso como o da filha, por vezes, recebia os alunos em sua casa para saborear os deliciosos pães de casa com manteiga. Sem contar os alunos que aguardavam a chegada de pais em sua sala de visitas, que por algum motivo, haviam se atrasado para retirá-los na escola.

         Em 02/02/1996, após dedicar-se 29 anos ao magistério, já aposentada e vendo a impossibilidade de abandonar seu ofício, fundou o Centro Educacional Caracol, onde pode dar continuidade aos seus trabalhos promovendo uma educação sólida, diferenciada e de excelência.

         Mais uma vez o sucesso a acompanhou. A escola deu seus primeiros passos com três alunos e em dois anos já se somavam mais de noventa. Naquele espaço mágico que idealizou e implantou, havia pouco espaço para lousas e carteiras, pois estes eram preenchidos em sua maioria por animais, plantas, hortas, bonecos, cores, imaginação e amor.

         Em 15/04/2002, vítima súbita de diabetes, aos 53 anos deixou o esposo, seus cinco filhos: Cássia Cristina Ferreira Rocha, Sheila Ferreira Rocha, Elisângela Ferreira Rocha, Érica Ferreira Rocha e Victor Augusto Ferreira Rocha, também sua mãe, amigos e parentes desolados.        

LEGADO DE VERA MOURA

         O Centro Educacional Caracol, graças às sementes que Vera Moura plantou em suas filhas, funcionou até 15/05/2012, quando por motivos particulares, precisaram vendê-lo.

         Mãe exemplar, dedicada, amorosa, trabalhadora, honesta, persistente, generosa, a determinação, a coragem e a autoconfiança, foram alguns dos fatores de seu sucesso.

         Descrever sua pedagogia parece indevido, pois não há como decifrar suas ações. Só se sabe que a pedagogia tradicional da escola uniformizada não fazia parte de seu curriculum. Prova disso, não há quem foi seu aluno e não se lembre com ternura de sua presença marcante nos primeiros anos escolares e também de suas roupas empoeiradas por sempre ter uma criança pendurada em seu pescoço.

         Vera Moura, professora, de coração, de alma, de trabalho, de dedicação, era um coração de mãe no corpo de uma professora. Apenas tocava e fazia com que as coisas simples e as pessoas ao seu redor se transformassem em magia, na mais tenra naturalidade.

         Exemplo de vida baseado no amor e firmeza de caráter, Vera Moura, além de professora era festeira, de espírito contrário ao individualismo e também sempre atuou em eventos da comunidade.

         Em 1989, sempre alegre e generosa, do amor à cidade e ao bairro onde viveu, Jardim Matilde, fundou um bloco de crianças de carnaval de rua, o “Bloco do Jardim Matilde”, que mais tarde veio se chamar “Unidos do Jardim Matilde” e, posteriormente, “Mocidade Unida do Jardim Matilde”, grande destaque no carnaval de rua. Com o intuito de promover cultura e alegria aos demais, iniciou o bloco com 30 membros que com o passar dos anos somavam-se 120 pessoas abrangendo as variadas idades e classes sociais.

         Que experiências boas foram os ensaios em sua casa vendo a copa e a sala de visitas transformadas em atelier de costura sob o olhar cúmplice de seu marido, filho e de seu querido amigo, Prof. Francisco Cláudio Granja, o qual também compartilhou muitos momentos felizes.

         O que queria em troca com seus trabalhos? Apenas um belo sorriso, satisfação de seus participantes e alegria imensa de colaborar com a cultura ourinhense.

         Também não se pode deixar de citar os bumba-meu-boi, as graciosas Emílias, o scai e os balançantes e coloridos carros alegóricos que levantavam aplausos na Avenida Altino Arantes nos desfiles de se