OS DESAFIOS DA NOVA PREFEITA

AURÉLIO ALONSO 03/01/2013 - 18:12:16 Artigos

Por Aurélio Alonso

A prefeita Belkis Fernandes tomou posse sob expectativa de dar continuidade ao governo do apadrinhado Toshio Misato. Afinal, sem o apoio dele e de ter "surfado" nas realizações do antecessor somada ao apoio do vice Gilberto Severino do PSDB dificilmente derrotaria o ex-deputado Claury Santos, desgastado politicamente por se afastar muito do eleitorado nos últimos anos. O fato de mostrar à população o que foi feito e dar continuidade ajudou a conseguir a maioria dos votos do eleitorado.

Na composição do secretariado Belkis dá sinais que fará um governo de continuísmo, nada absurdo pela tradição da política brasileira e por herdar a estrutura construída por Toshio ao longo de dois mandatos. Fala-se muito da possibilidade de sua reeleição estar impedida por ter assumido a prefeitura na gestão passada. Isso abriria a possibilidade da volta de Toshio para mais um mandato daqui a 4 anos. Diante disso, a nova prefeita quer sair bem avaliada.
Há alguns problemas a serem contornados. Belkis tem que ter o pulso firme para reduzir os cargos em comissão e, ao mesmo tempo, conseguir uma maioria no Legislativo que não traga problemas de governabilidade. Precisa dar demonstração de transparência igual à que o ex-presidente Edvaldo Lúcio Abel fez ao divulgar na internet nomes, cargos e remuneração de todo o funcionalismo no ano passado. Levar a sério a Lei de Acesso à Informação sancionada por uma mulher, presidente Dilma Rousseff.

Acompanhei a campanha eleitoral da prefeita e vi em diversos momentos uma cruzada moralista dos seus apoiadores contra seu adversário, mas agora no poder a prefeita tem que dar demonstração e evitar os desmandos e o empreguismo. Ela precisa apresentar um plano de governo consistente e melhorar a área de Saúde. Apostou em mandar um “xerife”, o advogado André Mello na tentativa de melhorar a gestão, que acumulou experiência na pasta de Administração.

A eleição de Lucas Pocay na presidência da Câmara de Ourinhos não deve ser interpretada como derrota da prefeita, talvez o chamado "fogo amigo". Vejo até como uma vantagem: o petebista terá que presidir a Casa e por dever de ofício não poderá ficar só na oposição. Há um custo político a longo prazo. Lucas vem sendo preparado pelo ex-deputado para ser candidato a prefeito futuramente. O fato de presidir o Legislativo pode lhe dar projeção, mas tudo dependerá de seu desempenho dele. Se ficar na oposição, pode ofuscá-lo politicamente e atrapalhar seus planos. Independente de tudo Belkis é fato novo, pode oxigenar a política, é preparada para exercer a função pelos anos de experiência como servidora concursada, vice-prefeita, e o mesmo podemos dizer de Lucas já em seu segundo mandato no Legislativo. Política se faz com votos e isso os dois têm conquistado, cada qual representa uma corrente política. Cabe a nós criticarmos quanto necessário e incentivá-los quando acertarem. A tradição autoritária do sistema político nacional tem criado uma figura muito forte no Executivo, enquanto vereadores são meros coadjuvantes, quando muito querem exercer o cargo de prefeito sem ter a prerrogativa.

* A partir de hoje pretendo regularmente fazer comentários sobre os mais variados assuntos, não só de política, aqui no REPÓRTER NA RUA. Confesso que sou estreante neste novo meio de difusão: a internet, mais ágil com forte alcance mundial.

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