AS TRAPALHADAS DE BELKIS

AURÉLIO ALONSO 08/01/2013 - 17:23:17 Artigos

Por: Aurélio Alonso

A nova prefeita de Ourinhos, Belkis Fernandes, decidiu arriscar politicamente a sua credibilidade ao nomear o ex-vereador José Claudinei Messias (PMDB) para ocupar cargo no primeiro escalão da administração. Como é público e notório, ele é envolvido em irregularidades na Câmara durante a sua presidência. O peemedebista escapou da cassação do mandato no ano passado quando respondeu à Comissão Processante daquela Casa por complacência de seus pares. Messias, porém, distorce os fatos ao dizer à opinião pública que foi "absolvido" pelo Legislativo. Naquela sessão apenas não houve votos suficientes para tirá-lo o mandato numa decisão política, mas um fator o favoreceu: Entre os que votaram a seu favor há envolvidos - do tipo filho que prestou serviço e venceu várias licitações com suspeita de vício de legalidade - nos malfeitos descobertos pelo Ministério Público. Quem tem acesso à peça do MP se assusta com o descalabro.

Foi graças a denúncia do saudoso jornalista Sérgio Alves Ferreira, do jornal Gazeta Regional, para apurar irregularidades em contrato de propaganda que estourou posteriormente o esquema de licitação de material de informática e saques na boca do caixa.

O pragmatismo partidário da ilustre prefeita já dá prejuízos políticos. Em cargo público de primeiro escalão, basta apenas a suspeita para que o titular seja afastado. Mesmo o nobre peemedebista não ter sido julgado na Justiça (isso vai demorar muito, porque caberá recursos), o escândalo da Câmara está mal explicado à população. Os indícios são fortes. A prefeita deveria ter sido cautelosa nessa nomeação na Secretaria de Desenvolvimento.

A prefeita teria sido complacente em deixar o dirigente partidário tomar à frente nas articulações de se buscar a eleição de um candidato a presidente de seu agrado e, diante disso, cometeu a trapalhada que resultou na entrega do principal cargo de bandeja ao PTB. O erro político obrigará a administração a conviver com um presidente no Legislativo declaradamente de oposição. Até acho não tão prejudicial à democracia. Pelo andar da carruagem o fato de a prefeita nomear um cidadão sob suspeita, é bom que a Câmara não esteja subserviente à administração e possa fiscalizá-lo. Claro, que Lucas Pocay não pode transformar a Câmara num comitê de oposição e usar os cargos para nomear a sua "patota". Afinal, vai ficar o roto falando do esfarrapado.

A presidência da Câmara é um cargo que tem "liturgia" própria. O Poder é independente mais harmônico. O jovem petebista terá que dialogar com a prefeita sem radicalismo. Não resta dúvida que o cavalo passou encilhado e o petebista montou, no entanto, em política não se pode achar que usar o cargo para oposição vai projetá-lo politicamente. Também não dá para acreditar que a bancada esteja tão coesa com a prefeita. Essa “traição” também é perigosa: Prenúncio para negociações futuras do toma-lá-dá-cá, do tipo arranjar um carguinho para cabos eleitorais da campanha. Tomara que isso seja só uma suspeita.

Belkis tem competência, venceu a eleição por ser a preferida do povo ourinhense, porém precisa se preocupar com as más companhias que rondam seu governo. A administração mal começou e pode até o final do mandato ser bem avaliada superior ao antecessor Toshio Misato, inicialmente, no entanto, deu sinais ruins nos seus primeiros atos políticos. Esperamos que tudo seja apenas uma impressão negativa de momento.

Publicidade

Parceiros