FESTAS RELIGIOSAS (FOLCLORICAS)

Nadir Ferreira da Silva 29/12/2010 - 14:53:14 Artigos

No início de minha carreira ferroviária, trabalhava em estação, onde devido meu convívio com o público tornei-me bastante conhecido, razão disso quando existiam alguns eventos nas localidades em que eu era destacado, sempre convidado, em minhas folgas participava dos mesmos, os quais eram promovidos pelos senhores mais idosos, das festas, tais como: religiosas, comemorações de aniversários, bailes e brincadeiras dançantes, principalmente aos domingos no período da tarde. Numa idade mais ou menos de 16 anos, além de mim era outros seis colegas. Maior tempo de minha mocidade vivi no lugarejo denominado “Platina” PR, local onde as comemorações eram freqüentes com participação de toda a população. Popular mesmo era duas religiosas, uma em maio, a qual homenageava Santa Terezinha e a outra em outubro em homenagem a Bom Jesus. Ambas eram realizadas em nove dias, com início sexta feira, e com término no 2º domingo. Todas as noites, após rezar o terço na igreja, todos se dirigia para o salão de festa, cujo local era amplo com diversos bancos de madeira para acomodação, principalmente dos mais idosos. Não havia luz elétrica na época, a iluminação era através de lampiões à querosene espalhado nos cantos da cobertura do salão. Em uma das extremidades havia um espaço destinado a preparar os comes e bebes para alimentação dos participantes. Todas as noites havia quermesse, daí leilão, onde leiloava os donativos trazidos pelos participantes, tendo em vista que cada noite havia um responsável pela manutenção e também trazer os bolos e carne assada para ser leiloada. Iniciava rigorosamente com o terço ás 19 horas, a seguir a festa, a qual se estendia até ás 24 horas mais ou menos. O rezador do terço também era o leiloeiro, responsável pela ordem e zelar pela limpeza da igreja, por sinal muito bonita e acolhedora. Ao iniciar a festa os casais se acomodavam sobre os bancos existentes para os devidos fins. Nós, os rapazes, como é normal ficávamos ao redor do barracão, onde fazia nossas brincadeiras e também as desordens. Havia muito tipo de brincadeira, porém, algumas mais se destacavam, dentre elas a mais preferida era soltar busca-pé, um tipo de foguete pequeno, o qual não subia, mais tomava uma altura de aproximadamente 1 metro, e ficava rodopiando e soltando faísca de fogo até terminar o seu efeito. Para nós, os desordeiros seu efeito maléfico era motivo de aplausos e risos, em alguns casos até algumas queimaduras era produzida, porém, nada abalava nossa conduta, razão que o divertimento era legal! Devido à rapidez do foguete, após acender era tanto, pois ninguém conseguia controlar seu trajeto, daí ele era soberano e atingia lugares, muitas vezes perigoso e proibido. Sempre no meio de uns rapazes existe o mal intencionado, tem aquele que arquiteta algum plano diabólico e que só fica satisfeito após sua realização. Não sei qual dos componentes acendeu um busca-pé e soltou no meio daquela roda de idosos, todos sentados, e a ação do foguete foi tão rápida que ele parecia estar à procura de algum lugar para se alojar, foi que nesse momento dirigiu-se à mulher do delegado que estava sentada no banco com sua longa saia, aliás era costume da época usar esse tipo de roupa. Por capricho do destino o busca-pé se alojou debaixo da saia daquela senhora, a qual se desesperou e começou a pular e gritar por socorro, enfim, foi um Deus nos acuda. O delegado também no local participando dos festejos ficou furioso, sacou seu revolver e por todas as maneiras queria saber o autor daquela façanha desagradável, e justamente com sua mulher. Olha! para acalmar aquele cidadão deu muito trabalho. Ânimos serenados, todos continuaram a festejar, porém, levantou o responsável pelo evento e recomendou “a partir de amanhã está proibido trazer busca-pé na festa“. Claro que ficamos tristes, pois era uma das mais concorrida brincadeira que proporcionava muitos risos e afetos no ato da explosão do foguete. Uma coisa ficou caracterizada, entre amigos existe lealdade, pois todos assumiram o feito e ninguém foi o delator, ou apontou o colega que fez aquela brincadeira. No lugarejo era uso a pessoa ter apelido, e assim sendo a partir daquele momento a senhora do delegado ficou denominada “Senhora Busca-pé”. Está história é verídica e aconteceu mais ou menos no ano de 1950, como participei da faceta, tive bastante elementos para narrar a história.

Ourinhos novembro 2010 Nadir Ferreira da Silva - Pensador


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