PASSAGEM DE NÍVEL - OCORRÊNCIA

Nadir Ferreira da Silva 06/02/2011 - 12:22:52 Artigos

Devido nossa longa vivência na vida ferroviária presenciamos muitos ocorridos, dos quais alguns ficaram em nossa memória isto em função do seu desfecho final, pois houve envolvimentos da ferrovia e pessoas estranhas ao ocorrido. Saindo de Ourinhos uma composição composta de 22 vagões carregados com farelo de soja destinado ao Porto de Paranaguá PR. As 22 horas teve início a viagem, percorrendo noite a dentro, lá pelas 4 horas da madrugada próximo a Siqueira Campos, ao transpor uma passagem de nível, aconteceu o inevitável: um fazendeiro possuía sua propriedade as margens da ferrovia, a qual era dividida, sendo uma parte de cada lado. Todas as manhãs tocava suas vacas de um lado para o outro a fim de ordenhar as mesmas, para logo de manhã distribuir o leite produzido para sua freguesia na cidade. Infelizmente naquele dia ocorreu a tragédia, pois ele tocando os animais sobre os trilhos, o trem se aproximou e o acidente foi inevitável, atingiu os animais onde 4 foram sacrificados no local. O maquinista, embora tentasse frear a composição, porém não foi possível, pois devido o sistema de freio, este exige um espaço para parar totalmente percorrendo daí uns 200 metros ainda após qualquer ocorrência. Maquinista sabedor de que geralmente nessas ocasiões enfrentam pessoas muito nervosas, pois o prejuízo é eminente e o proprietário fica descontrolado, daí a presença do funcionário deve ser bem disfarçada para evitar agressão. Fazendeiro muito nervoso bradava em altos e bons tons que gostaria de tirar satisfação sobre o ocorrido, não conseguindo seu intento, graças ao disfarce do maquinista. No último vagão intitulado como bagageiro viaja o responsável pela composição, pois ele quem tem em suas mãos todos os documentos daqueles vagões. Após a parada do trem, este empregado, como sempre faz e é de sua obrigação verificar o ocorrido, subiu em cima dos vagões e pulando de um em um chegou ao local, ali constatou o ocorrido e também percebeu o procedimento revoltado do dono dos animais sacrificados. Com muito jeito e calma chegou até aquele homem e começou um diálogo, primeiro lamentando o prejuízo pela morte dos animais, depois procurando acalmar os ânimos exaltados, inclusive citando o nome de Deus, o qual tem mais a doar a seus filhos. Com este diálogo aos poucos foi conseguindo seu intento, daí já dominando a situação deu o veredicto final e disse para aquele senhor: pensando bem o senhor ainda teve muita sorte, pois estavas tocando 20 cabeças e só pereceram 4 delas. Disse o empregado: fico pensando que na hora houve a mão de Deus, pois se esse trem que viajava de comprido, viesse de atravessado não tinha sobrado nenhum animal vivo, então seria fatal e o prejuízo total. Diante dessa conclusão o fazendeiro pegou seu cavalo e foi embora, restando ao maquinista acionar a locomotiva e seguir a viagem.
Ai está mais uma história de fato ocorrido ao longo dos trilhos da ferrovia.

Ourinhos fevereiro 2011 Nadir Ferreira da Silva – Pensador.

Email: nadirferreirasilva@hotmail.com

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