RETORNO TRÁGICO

Nadir Ferreira da Silva 19/02/2011 - 17:05:57 Artigos

Fim de semana prolongada, 6ª feira, feriado,prolongando sábado e domingo, carro novo na garagem, eu advogada, assessora de uma firma de exportações, papai e mamãe aposentados, minha irmã funcionária pública e meu noivo, Engenheiro Florestal, enfim, todos de folga. Aproveitando esse tempo resolvemos seguir até o litoral, saímos de casa 5ª feira à noite, viagem mais ou menos de 90 minutos, pois a distância era de 80 km. Logo às 23 horas já à beira mar, se acomodamos na casa que possuímos naquela localidade. Papai e mamãe ficaram arrumando as acomodações, eu e meu noivo junto com minha irmã saiu dar uma volta a beira do mar, contemplar as belezas inclusive a lua, pois era cheia e estava mais linda ainda. Tomamos um suco, caminhamos um pouco depois retornamos para casa a fim de descansar. Sexta feira logo de manhã, mamãe serviu o café, a seguir saímos para um passeio, não havia pressa, pois o dia estava lindo e nós sem compromissos, era só divertir. Eu e meu noivo fomos a uma praia distante, enfim queríamos ficar a sós, o que é normal para um casal de namorado. Lá mesmo fizemos nossa refeição só voltando para casa quase à noite. Papai e mamãe dizem ter saído um pouco, porém, logo regressaram, minha irmã ficou perto do alojamento de baixo de uma árvore lendo um livro. Devido a canseira aquela noite não saímos de casa, afinal o dia para nós foi cansativo. Sábado fomos às compras, primeiro em alguns supermercados, depois nas barracas existentes em toda a orla marítima. Comprei algumas coisas para mim e também para presentear papai, mamãe e a irmã. Meu noivo comprou algo para sua mãe e também para uma sobrinha que tem, filha de uma irmã dele que é casada e mora na mesma cidade em que residimos. Comemos muitas frutas e frutos do mar, viajamos de barco, enfim, divertimos bastante, procuramos aproveitar bem aquela viagem, pois ao retorno o serviço nós esperava e até com alguns acúmulos considerando os dias que ficamos ausentes. Domingo logo de manhã, após o café saímos mais um pouco, já pensando na viagem de volta, pois 2ª feira logo de manhã deveríamos estar dando inicio ao trabalho, razão disso a nossa intenção era voltar logo domingo a tarde. O tempo mudou, logo ás 10 horas começou uma chuva fina mais persistente, pois embora fraca era continua, razão disso o asfalto estava todo molhado. Às 16 horas após tudo pronto deu-se o inicio ao retorno para casa, como sempre eu dirigindo, por sinal gostava e segundo meus pais era firme na direção. Estava tudo correndo bem, porém, a chuva continuava agora um pouco mais persistente. Transito bom, pouco movimento, oferecendo boa condição para dirigir. Velocidade 80 Km/h, não sei o que aconteceu, em uma curva o carro derrapou, perdi o controle e em seguida em uma ribanceira o veiculo deu duas ou três cambalhota, vindo a cair em uma profundidade de aproximadamente 30 metros, só parando quando encostou em uma rocha, ficando o carro totalmente acabado, só ouvia gritos das pessoas que estava comigo no interior do automóvel. Todos presos as ferragens, inclusive eu, percebi que mamãe estava lúcida, meu pai, meu noivo e minha irmã estava imóveis, pois não demonstrava sinal de vida. A seguir chegou socorro, os administradores do pedágio. Ouvi um deles dizer, chamem o corpo de bombeiros para poder retirar os corpos do meio das ferragens. Diante dessa situação pude constatar que entre nós havia alguns já falecidos. Com muito jeito, enquanto não chegava os bombeiros os homens ali conseguiram me libertar, porém não podia andar, pois havia fraturado uma das pernas. Minha mãe agonizando teve que esperar o socorro, estava muito presa as ferragens. Papai, minha irmã e meu noivo faleceram no local. Eu mamãe fomos internadas no hospital, inclusive mamãe quebrou o fêmur. Os corpos foram sepultados no cemitério da cidade onde moramos. Alguns dias depois recebemos alta, mamãe de cadeira de roda e eu engessada e de muleta. Decorrido alguns tempo eu e mamãe se livramos dos aparelhos e voltamos a andar normalmente. Foram horas difíceis, pois além da perda das pessoas queridas, ainda tive muita dificuldade com mamãe, pois ela não se conformava com ausência do papai e da filha, todos os dias vivia entregue a uma tristeza que dava pena. Com o tempo consegui fazer com que ela começasse ir à igreja, ver algumas amigas, daí melhorou um pouco seu estado melancólico. Eu continuo trabalhando na mesma firma e como a vida não pode parar, vou levando conforme Deus me ajuda. Muitas saudades do noivo, papai e da irmã, afinal éramos uma família feliz. Já se passaram um bom tempo e até agora continuo a viver das recordações.

Ourinhos janeiro 2011 Nadir Ferreira da Silva

Email: nadirferreirasilva@hotmail.com

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