A população não perdoa, quer a redução dos salários dos vereadores em Ourinhos. Ao longo de muito tempo o povo vem acompanhando no Legislativo ourinhense aumento de salários muito acima dos índices da inflação, baixa produção de projetos de lei úteis para a cidade, nomeação excessiva de assessores e cargos de confiança na Câmara Municipal, isso sem falar do gigante orçamento, mais de R$ 8 milhões por ano, que sai da Prefeitura para arcar com as despesas da Casa de Leis. Dinheiro este que poderia ser investido na infraestrutura da cidade (recapeamento asfáltico e construção de galerias por exemplo) ou até mesmo na saúde, mas é utilizado em grande parte para pagar salários dos edis e seus apaniguados políticos. Soma-se a isso o aumento de 11 para 15 cadeiras aprovado por eles para o próximo mandato, 2017-2020.
A reportagem do Jornal Tribuna Ourinhense entrevistou na última semana personalidades do meio empresarial de Ourinhos e munícipes. Muitos deles são voluntários em entidades como a Santa Casa, APAE, AADF, Recco e Casa Arco Íris e não recebem nada pelo que fazem, apenas a satisfação de ajudar a cidade e o próximo. Todos revelaram ser favoráveis a redução dos salários dos vereadores. Acompanhe.
O presidente da AIOR, Edenilson Natale afirmou que apoia o movimento e que a diminuição dos salários pode mudar o perfil dos vereadores. “Acredito que se isto acontecer os próximos vereadores poderão ser pessoas que querem apenas ajudar a população, sem ser atraído apenas pelo salário e por isto mesmo, acho que o valor deve ser o salário mínimo, pois reflete o que o trabalhador comum ganha. Acho que este projeto tem grande chance de ser bem sucedido e a divulgação nos meios de comunicação será muito importante para uma participação maior da população e desta forma, ter êxito”, considera.
O empresário e presidente da Santa Casa, Celso Zanuto também se mostrou amplamente favorável a redução e inclusive, que futuramente deixe de ser remunerado. “Eu considero que a política dever ser uma missão, uma vocação e não uma profissão, como virou hoje, por isso não deveria ser remunerado. Eu mesmo tenho um trabalho voluntário há mais de 20 anos e não recebo um real por isso e eles têm que fazer o mesmo. Com este valor que seria economizado, poderíamos salvar muitas vidas na área da Saúde, além de melhorias na cidade. Tenho certeza que isto vier a acontecer, teremos políticos diferentes, que realmente sejam prestadores de serviço à população e não usá-la em benefício próprio. Com este objetivo, devemos organizar um abaixo assinado para que nas próximas sessões este projeto de redução seja colocado em pauta e darei todo meu apoio a este movimento, até que consigamos atingir o nosso objetivo, que é a redução do salário dos vereadores, assim como aconteceu em cidades menores da nossa região, como Santo Antônio da Platina e Jacarezinho”, ressaltou.
O ex-prefeito de Ourinhos e empresário Aldo Matachana destacou a importância dos próprios vereadores tomarem a iniciativa da redução de seus salários. “Eu acredito que deva partir dos vereadores esta iniciativa, pois se assim o fizerem, estarão colocando seus nomes na história da cidade e do país, pois vivemos um momento de grave crise econômica, com fechamento de lojas na cidade e entidades filantrópicas com grandes dificuldades financeiras. Por este motivo, é o momento de reduzir despesas, através da diminuição dos salários dos vereadores e do número de cadeiras também, que deve até diminuir das 11 atuais para 9, atendendo a vontade do povo, que é o patrão dos políticos, de quanto eles devem ganhar, está na hora dos políticos terem mais amor a pátria e se eles tomarem esta iniciativa, farei questão de ir lá e prestar uma homenagem a eles por esta atitude”, ressaltou.
O empresário Macalé Izidoro que também está apoiando o movimento pela redução dos salários dos vereadores, se mostrou favorável a uma mudança total na forma de remuneração dos edis. “Eles deveriam ganhar por produção, ou seja, quantidade de recursos Estaduais ou Federais ou trazendo indústrias para nossa cidade, porém, determinados vereadores, só sabem fazer requerimentos para colocar nome de rua, troca de lâmpadas, tamparem buracos e muitas outras coisas pequenas. Além disto, ainda existem muitos cargos de confiança e assessores, alguns vereadores têm mais de 30 cargos de confiança. E a população? Como é que fica a situação da saúde? Em um cálculo que eu fiz, caso seja economizado estes valores, sobraria para a área da saúde e para o asfalto da cidade, aproximadamente um milhão e seiscentos mil reais. No entanto, a questão não se restringe só ao salário do vereador que é de R$ 7.500,00 e do assessor R$ 5.150,00. Acredito que cargos de confiança produtivos devem existir, mas atualmente existem muitos mais improdutivos e /ou sem qualificação nenhuma. A minha opinião é que vereador não é profissão e por isto, considero que na segunda-feira, foi lançada uma semente que pode mudar essa realidade em nossa cidade”, prevê.
O empresário Alexandre Mariani vê com cuidado a questão da redução dos salários dos vereadores. “Acho que temos que analisar com calma e racionalidade, sem nos deixar levar pelo clamor público ou pela emoção. Por isso, acho que até poderíamos diminuir o valor do salário, quem sabe para uns R$5 mil, mas não para um valor muito baixo, senão correríamos o risco de estimular condutas irregulares dos vereadores para compensar o salário baixo. De qualquer forma, acho válido que discutamos o papel do vereador e que possa haver uma melhoria de sua atuação na Câmara, a fim de trazer mais melhorias para a população, além de atuar como fiscalizador do Executivo, pois só assim poderemos ter os vereadores como verdadeiros representantes do povo, o que hoje, infelizmente não ocorre de forma plena”, avalia.
O microempresário Nelson Ferreira disse que os vereadores têm que ganhar salário mínimo e que irá apoiar o movimento até o fim. “Os vereadores fazem muito pouco pela cidade e por isso devem ganhar o salário mínimo. Eu pretendo ir nas outras manifestações e temos que lutar até o fim, para que o salário deles seja reduzido e que não aumente o número de vereadores também”, destacou.
O corretor de seguros Carlos Orlandi afirmou que o salário dos vereadores deve ser reduzido por uma questão de moralidade. “Pelo que eles produzem hoje, o salário é muito alto, se fosse diferente, até mereceriam ganhar mais, mas pelo que fazem hoje tem que ganhar o salário mínimo. Outra coisa errada é o número de vereadores que querem aumentar e ninguém produz nada, por isso acho que teria que reduzir este número atual para que volte a ser como já foi um dia, que sejam pessoas que tenham o orgulho de ser cidadão ourinhense. Hoje eles não cumprem seu papel que é fiscalizar as atitudes do Executivo e só se reúnem e não fazem nada em prol da população, por isso, o povo tem que cobrar que eles façam seu papel e que ganhem de acordo com sua produção, por isso tem que pressionar para conseguir a redução, pois só através da pressão popular que vamos ter êxito assim como em Jacarezinho e Santo Antonio”, considera.
A dona de casa Rosangela Carvalho acredita que o vereador deve ganhar o salário mínimo. “Eu acho justo que ele ganhe o mesmo que o trabalhador comum que trabalha muito mais que ele, que está deixando muito a desejar e é um absurdo ainda querer aumentar o número de vereadores”, criticou.
A diarista Franciele Aparecida de Oliveira também considera que os vereadores devem ganhar menos. “Eles não fazem um bom trabalho, o bairro onde eu moro no Jd. Anchieta as ruas estão todas esburacadas, e eles não fazem nada, por isto tem que ganhar o salário mínimo, ou então, que ao menos diminua o valor, porque não merecem ganhar o que ganham hoje e tem que ter no máximo 10 vereadores, não mais que isso”, opina.
Na última segunda-feira (17), populares estiveram na Câmara Municipal exigindo que os parlamentares iniciassem o processo de redução de salários, contudo nada aconteceu, nenhum vereador tocou no