CADEIRANTE

Nadir Ferreira da Silva 21/04/2011 - 08:05:15 Artigos

Tive uma vida plena e saudável, sem restrições físicas até aos meus 21 anos. Residia junto a meus pais numa cidade mineira, cuja localidade por ter uma população de 150 mil habitantes, oferecia a seus moradores todos os graus de instruções que escolhessem. Eu particularmente escolhi o Curso de Direito, onde estava cursando o 4º semestre, ou seja, o 2º ano letivo. Uma manhã, ao acordar percebi uma leve dor na parte baixa da barriga, porém, não sendo intensa não dei muita atenção. Acontece que no dia seguinte foi acentuando aquela dor, razão disso levei ao conhecimento de minha mãe a qual logo comunicou com papai, daí resolveram me levar ao médico... Após os exames preliminares que aquele profissional efetuou, pediu alguns exames de laboratório, isto para conseguir avaliar com precisão minha situação. No dia seguinte de posse do resultado dos exames em mãos, no consultório após o conhecimento dos mesmos, disse o médico: o resultado nada acusou de anormal, receitou alguns remédios para amenizar aquela dor que estava me incomodando, e dispensou-me, quando fui para casa. Estando a dor ainda incomodando, embora a medicação resolvi consultar outro profissional, o qual depois da consulta constatou que eu estava com a apendicite inflamada, que era necessário uma cirurgia para sua retirada. Meus pais logo providenciaram para que eu submetesse a tal cirurgia, a qual ocorreu dois dias após a constatação do problema por aquele cirurgião. O trabalho foi satisfatório, tudo correu bem, só que decorrido uns dias eu percebi que meus membros inferiores estavam dormentes, e a impressão que sentia falta de movimento daquela parte do meu corpo. Recorremos ao médico que me operou, este achou estranho, pois os procedimentos foram todos executados com precisão. Ao examinar-me desconfiou que a causa daquela anomalia estivesse ligada com o efeito da anestesia. Infelizmente a partir daquela cirurgia não mais consegui andar, pois minhas pernas estavam totalmente sem suas reais funções. Lamentavelmente aquela anestesia aplicada no ato da cirurgia deixou-me paraplégico, daí somente minha locomoção foi com auxilio de uma cadeira de rodas. Atribuímos erro médico que ocasionou eu perder parte dos movimentos do meu corpo. Era noivo, porém, devido à situação minha noiva rompeu o compromisso. No inicio fiquei desesperado, pois a situação a que me encontrava terminou para mim toda a liberdade... Foi dois anos de muito sofrimento e até me assimilar a nova situação de perda da locomoção, enfim, estava limitado a uma cadeira de rodas. Meus pais sempre atentos a minha condição, faziam de tudo para conseguir contornar o problema. Como o tempo é o melhor remédio, comecei a aceitar minha condição de vida, voltei a estudar, conclui o estudo e hoje estou exercendo a profissão de advogado na cidade. Continuo a morar com meus pais, adaptei o automóvel as minhas necessidades e a vida continua. Minha ex-noiva se casou, temos amizade, pois considerei a situação dela. A maior dificuldade que ainda perdura é a invasão de nossos espaços reservados nos pontos de estacionamentos publico por pessoas que desrespeita nossas condições físicas, embora existindo leis regulamentando o assunto.

Ourinhos – março 2011 Nadir Ferreira da Silva
Coordenador Amor Exigente
E-mail: nadirferreirasilva@hotmail.com



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