Prezado Leitor,

Essa semana fui vítima de uma das piores experiências da minha vida. Meu pai teve um quadro de insuficiência renal aguda oligúrica (IRAO). Os rins são órgãos importantes no equilíbrio hídrico, eletrolítico e ácido básico, fonte de hormônios, além de eliminar diversas substâncias produzidas no nosso organismo. Nesta doença, os rins param de funcionar adequadamente, a urina para de ser produzida acumulando toxinas no organismo causando um desconforto geral com risco de morte se não for tratado imediatamente. As causas de IRA são as mais diversas – toxinas que afetam os rins, doenças isquêmicas (como a desidratação e insuficiência cardíaca), doenças tromboembólicas (como a endocardite e a sepse) e doenças inflamatórias. No caso do meu pai, foi uma angioplastia onde o contraste injetado causou a nefrotoxicidade. Alguns fatos me chamaram a atenção deste caso porque na rotina de clínica nos deparamos com inúmeros casos semelhantes em animais. Primeiramente ele foi atendido por uma equipe de médicos, todos especialistas, tanto na cardiologia como na nefrologia. Outra nota curiosa foi a equipe de enfermagem, todos bem preparados e sempre dispostos a ajudar das mais diversas formas durante o período de internação. O método de diagnóstico também, pois os exames requisitados eram muito semelhantes aos que são pedidos no diagnóstico e controle de cães e gatos com suspeita de nefropatias. O protocolo de tratamento me espantou pois era o mesmo que utilizo nesses casos – tratamento clínico e no caso de insucesso no primeiro, os mais diferentes métodos de hemodiálise. Agora o fato que mais me chamou a atenção foi o pagamento da conta – ele não teve que pagar nada, pois o plano de saúde cobriu todas as despesas. Caro leitor, o diagnóstico e tratamento de doenças consideradas graves como a IRA, por exemplo, custa muito caro. São vários exames diários para o diagnóstico e controle da doença, equipe multidisciplinar de médicos e enfermeiros, custo de equipamentos como o de hemodiálise, bem como medicamentos e materiais de consumo que são gastos. Agora eu lhes pergunto: O que podemos fazer diante de um quadro como esse nos nossos animais de estimação? É uma situação muito difícil em que os profissionais da medicina veterinária lidam, pois todo esse aparato custa realmente muito caro. Tirando por base a experiência que tenho trabalhando nos grandes Hospitais Veterinários de São Paulo e Rio de Janeiro, este tratamento não iria custar menos que dois mil reais por dia caso um animal de estimação tivesse com a mesma doença e fosse tratado nos mesmos padrões de atendimento que meu pai teve. Mas como um plano de saúde sobrevive gastando tanto no tratamento de pacientes? A resposta é simples: basta ter um número grande de associados. Por isso que essa semana quero levantar uma bandeira: A criação de um plano de saúde animal, onde com baixos custos de mensalidades, os pacientes receberão um tratamento digno da importância de cada animal para seu dono. Pensem sobre isso e me escrevam.

Um grande abraço a todos

Prof. Esp. Renato Saliba
Cardiologista e Intensivista do Centro Médico Veterinário de Ourinhos (14) 3026 2337/(14) 9660 5966 – email: drresaliba@hotmail.com/cmvourinhos@hotmail.com
Professor de Clínica Médica e Emergência da Faculdade de Medicina Veterinária Roque Quagliato/FIO/FEMM.