A CARÊNCIA DOS FILHOS

Nadir Ferreira da Silva 08/05/2011 - 12:43:45 Artigos

Em casa éramos quatro, eu meu marido e dois filhos Alfredo com 6 anos e Andréia com 4 anos. Morávamos em uma cidade grande onde possuímos uma pequena empresa (fabrica de tela de arame). Na empresa meu marido tinha ajustado dois empregados para ajudar atender a produção. No escritório trabalhava eu, fazendo todo o atendimento isto é, com os fregueses, seus pedidos, ordenando as entregas e também a parte contábil, pois sendo uma pequena empresa, eu formada em contabilidade dispensava o serviço externo de controle. Todos os dias de 2ª a 6ª feira eu e meu marido saia de casa as 7 horas para a empresa, lá permanecendo até as 18 horas, razão disso, tínhamos em casa a Olga, uma senhora de uma certa idade, a qual além de fazer os serviços domésticos também era responsável pelas crianças. No horário determinado levava as crianças ao colégio, indo buscá-los quando terminava as aulas. Logo após nossa chegada ela ia para sua casa só retornando no dia seguinte, isto de 2ª a 6ª feira. No sábado eu fazia o serviço em casa. No final de semana eu e meu marido ficávamos em casa. Não havia vida social, não íamos numa igreja, reuniões, eventos ou outros lugares. Nossos filhos todos esses dias que ficávamos em casa exigia de nós um pouco de atenção para com eles, pedindo para brincar, passear, conversar, carinho e afeto, inclusive diziam que todos os pais de seus colegas tinham tempo para seus filhos, somente eles Alfredo e Andréia nunca tiveram essa privilégio do convívio com seus pais. Muitas vezes meu marido na sala ouvindo e vendo televisão, lendo jornal. Nossos filhos chegavam junto a ele, já eram repreendidos, alegando que estava ocupado. Daí vinham até a mim, eu também negava a atenção, dizendo vão brincar, tenho que fazer está tarefa, pois amanhã logo cedo já volto para a empresa. Assim o tempo foi passando, eles crescendo e agora Alfredo com 16 anos, Andréia com 14 anos, já não nos obedecia, sempre rebeldes, pois quando perguntávamos algo respondiam a grosso modo, sem dar atenção aos nossos pedidos. Um dia a Olga (velha empregada) nos alertou de que nossos filhos haviam mudado muito, suas condutas e também estavam trazendo para casa alguns colegas de suas idades que não demonstrava bons, inclusive ficava trancado no quarto muitas horas o que estava lhe preocupando. Eu e meu marido após aquele aviso da Olga começamos a fazer uma vigilância sobre eles, daí percebemos que quando chegávamos em casa eles não estavam, perguntado a empregada esta sempre dizia que saíram em companhia de outros colegas. O retorno para casa era mais ou menos lá pelas 11 horas da noite, perguntamos a eles qual a razão da demora, sempre era a mesma resposta: que estava em casa de amigos. Agora com 17 anos o Alfredo e Andréia com 15, começamos a perceber que saia logo a chegada da escola, só voltando pelas 2 ou 3 horas da madrugada, inclusive notamos alterações em seus hábitos, tanto físicos como higienicamente. Um dia ao chegar em casa eles já haviam saído, durante aquela noite não apareceram, no dia seguinte também não voltaram. Diante dessa situação resolvemos procurar, pois deveriam estar em algum lugar suspeito. Logo a noite encontramos os dois em uma roda de jovens, todos usando drogas, chegamos até eles e convidamos para vir para casa, porém, recusaram, dizendo que iriam mais tarde. Resolvi chamar a policia, nesse intervalo o Alfredo sumiu e com a ajuda dos policiais consegui trazer a Andréia para casa. No dia seguinte recebemos notícias de que o Alfredo entrou em luta com um traficante e este o matou... Sepultamos seus restos mortais, vendemos tudo o que lá tínhamos e mudamos para outra cidade. Andréia fez tratamento e se livrou do vicio, isto há 3 anos. Hoje ficamos pensando de quantas vezes eles pediram nossa atenção, nosso carinho, nunca tivemos tempo para eles, daí eles encontraram a acolhida maligna junto aos traficantes, daí o final foi a morte. Hoje vivemos com minha filha e com a saudade do Alfredo. Pagamos caro pela atitude que tomamos, valorizando mais as coisas materiais, esquecendo da responsabilidade que Deus nos outorgou no tocante a educar e dar carinho e afeto aos nossos filhos.

Ourinhos abril 2011 Nadir Ferreira da Silva
Coordenador Amor Exigente
E-mail: nadirferreirasilva@hotmail.com
(Qualquer semelhança é mera coincidência)

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