A D E D I C A ÇÃ O

Nadir Ferreira da Silva 14/10/2010 - 09:59:48 Artigos

Contaram a nós, que em certa cidade praiana, no Estado de São Paulo, como é normal, vivia uma família unida pelos laços afetivos e dedicação que cada um dos membros dispunha em prol dos seus afetos. Da família pela qual nos espelhamos para narrar está história que ocorreu na sua essência total. Pai, Engenheiro Civil, Mãe, Psicóloga, da união nasceram três filhos, uma menina e dois meninos, ela com sete anos, meninos com cinco e quatro anos respectivamente. Devido os afazeres dos pais, as crianças eram entregues a uma senhora que há muito trabalhava como empregada. Senhora responsável, educada, carinhosa para com as crianças, qualidades estas que o casal trabalhava despreocupados, pois dado a dedicação da empregada, eles viviam felizes. Próximo a sua residência morava os avós maternos, os quais também com suas atenções voltadas na intenção de ajudar os filhos, sempre estavam presentes, tempo tinha o necessário, pois a mãe dos netos era filha única, conseqüentemente só tinha os três netos. O avô aposentado, bem financeiramente, muita boa saúde e em companhia de sua esposa, todos os dias no período da tarde, após o almoço, ele pegava seu automóvel, um Voyage zero, e em companhia da mulher seguiam para a casa da filha. Isto era todo o dia, lá chegando já com os três netos juntos, pois seus estudos eram no período matinal. As crianças, já almoçadas, estavam todos esperando a chegada dos velhos, pois isso significava passeio de automóvel. Aquela rotina tornou-se um compromisso sério, pois o dia que algo desse errado, a bronca das crianças era patente. O avô, após deixar a avó em companhia da empregada, as quais sempre em conjunto faziam alguma coisa a mais para agradar a dona da casa, tal como, doce, pão caseiro, biscoito, ou outras iguarias. De Voyage o velho e os três netos seguiam a Avenida Beira Mar, isto numa grande distância. Após percorrer um bom trecho o velho parava o carro, fazia os netos descerem, comprava algo para eles, e deixando sentados na areia dizia, agora até na hora de nós ir embora vocês tem que contar quantos navios vão passar por aqui. A tarefa tinha um presente, pois o que contasse o maior número de navio ganharia mais chocolate. Com essa proposta o entusiasmo era geral entre as crianças, isto considerando em sua pureza que eles somente falam a verdade, pois criança não mente. Decorrido o tempo determinado, o velho reunia os netos em volta do veiculo e fazia a costumeira pergunta: quantos navios conseguiram contar? Respondiam:10,8,9 respectivamente . O velho sempre justo em suas decisões, ao distribuir os chocolates, dava a quem contou mais, maior número de barra, porém compensava aos que contou menos com a mesma quantia, a título de incentivo, justificando o ato de igualdade entre os direitos básicos que cada ser humano tem um perante o outro. O tempo passou, muitos anos, o velho ficou doente, contraiu diabete, perdeu a visão quase totalmente, razão pela qual ficou impedido de fazer aquelas alegres viagens todas as tardes Em companhia dos netos Nestas alturas também os netos cresceram, a menina tornou-se moça, estudou, os meninos, já homens feitos, trabalhando e estudando. Seu genro e filha aposentados viviam felizes, embora lamentando a impossibilidade do avô participar de algumas atividades da qual ele gostava. Ficou viúvo, agora só, veio morar com a filha, inclusive para facilitar o atendimento necessário, devido à falta da visão. Uma tarde, a neta em casa, resolveu compensar o avô e dar a ele um dos muitos passeios do qual ele havia lhe proporcionado em sua infância e adolescência. Pegou seu automóvel, colocou o velho junto no banco da frente, e lá se foram o casal. No local onde o velho sempre parava anos atrás, repetiu-o, colocou-o o avô na areia e disse , vou dar uma volta, quando eu voltar o senhor vai me dizer quantos navios conseguiu contar. Após um longo espaço de tempo, veio a neta e fez a seguinte pergunta, então vovô conseguiu contar muitos navios? , sim disse o velho: foram bastante, sente aqui que vou te responder... bastante “afeto”, “carinho” , “dedicação” e o principal que passou e resolveu ficar aqui, a gratidão que você está demonstrando com muito amor...Obrigado minha neta, Deus que ilumine teus passos até o fim de tua vida. Um abraço do Vovô!
História verídica, ocorrido em uma cidade praiana.
Ourinhos Outubro/2010 Nadir Ferreira da Silva Amor Exigente

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