COISAS DE CRIANÇA (TRAVESSURAS)

Nadir Ferreira da Silva 22/06/2011 - 20:31:15 Artigos

Quando criança, oito anos mais ou menos, residia com minha avó materna no Sul do Paraná. Velha muito esperta, dedicada, bondade imensa em seu coração. Nossa luta era árdua, nada fácil, que conseguíamos era com nossos esforços e muita luta, trabalho de sol a sol a fim de ganhar alguns trocados para suprir as necessidades, principalmente alimentação, haja visto que não possuía casa própria, porém devido amizade que a velha cultivava, um amigo cedeu dois cômodos nos fundos de sua propriedade, local onde nos se acomodava. Todos os dias a velha colhia da horta que cultivava alguma coisa para vender, ora chuchu, ora pepino ou abobora, enfim... Sempre havia algo a vender. Com uma cesta de bambu nos braços, lá seguia eu com aquelas iguarias a fim de vender no lugarejo e com isso voltar para casa com algum dinheiro. O dia em que na horta nada tinha para vender, avó fazia bolo de fubá, fatiava, e lá ia eu de rua em rua oferecendo o produto, que por sinal bem aceito, o que resultava em vender rápido, ao voltar para casa sempre era recebido com carinho, pois havia cumprido com minha obrigação. Assim nós levávamos a vida, horas mais fácil, oras não, enfim, tudo isto tinha uma motivação e a velha sempre agradecia a Deus, pois nos graças a ele gozava de boa saúde e disposição para as tarefas cotidianas. O tempo passava, nos na esperança de dias melhores lutávamos com coragem e muita fé em nosso criador. Como cristã e muito obediente a Deus, a velha gostava de fazer visitas a suas amigas, principalmente quando sabia que alguma estava doente. Numa dessas visitas, logo ao anoitecer, lá seguia ela para mais uma visita, estando eu o seu lado, pois éramos inseparáveis, isto em qualquer situação. Da nossa casa até onde morava aquela pessoa distanciava aproximadamente 500 metros. Para agradar a doente a avó resolveu levar um docinho, só em intenção de estimulo. Durante o trajeto havia um bar, assim sendo, a velha deu um dinheiro e disse: vá comprar dois doces, um você come e o outro traga para levar para minha amiga. Como na cabeça de criança giram muitas idéias, logo ao comprar os doces já comi o meu, enquanto o outro bem embrulhado tinha destino certo, daí começou uma formiguinha a coçar minha garganta. Desembrulhei aquele doce e comecei a lamber, de vez em quando dava uma mordida. Tornei ao embrulho e ao chegar entreguei para avó a qual ao abrir notou o estrago. Pegou mais uma moeda e fez eu comprar outro. . Fiquei aliviado, pensei escapei de apanhar. De posse do novo doce não resisti e comecei novamente o mesmo procedimento do primeiro. Ao chegar novamente foi notado o doce tudo mordido. Minha avó falou para aquela senhora: desculpe-me outro dia trarei um docinho para você... A doente agradeceu e disse não havia necessidade, pois só a visita era mais importante. Logo a seguir houve a despedida e fomos embora. Em casa a velha pegou seu chinelo, daí foi aquele samba, dizia isto é para você ter responsabilidade, com isso evitar que eu passe uma tamanha vergonha junto as minhas amigas. Eu não tendo o que falar dizia, ora vovó não tive culpa, pois o doce veio derretendo em minha mão. Está foi mais uma travessura, a qual custou cara, pois as chineladas foram doloridas, enfim, acho que valeu a pena aquela correção. A velha era boa demais, porém se contrariasse suas ordens, ela ficava uma fera, tinha sangue de índio, dai já da para avaliar seu gênio ..
Ourinhos 2010 Nadir Ferreira da Silva Pensador.
Email: nadirferreirasilva@hotmail.com

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