PEDRO PAIXÃO

Nadir Ferreira da Silva 28/10/2010 - 01:40:23 Artigos

Nos anos de 1954 e 1956 exercendo as funções de Encarregado da Parada de trens “Humberto Pederneiras”, cuja localidade próxima a Joaquim Távora, PR, fizemos muitas amizades entre os moradores do local, quase todos sitiantes. A parada de trens era bem concorrida pelo pessoal, os quais seguiam dali para a cidade. Entre as pessoas conheci um jovem humilde e educado que morava juntamente com sua genitora e trabalhava em um dos sítios como empregado. Refiro-me a Pedro Paixão, pois gostava muito de dialogar comigo, e entre conversa demonstrou interesse em trabalhar na ferrovia. Como sabia ler e escrever relativamente, após uma das nossas costumeiras conversa ele perguntou a possibilidade para ingressar na empresa. Diante de sua vontade e conhecendo seu modo de viver, pois não ostentava vicio nenhum resolvi a ajudar para que dentro do possível fosse concretizado seu sonho. Em contato com a nossa chefia aqui em Ourinhos, daí marcamos para ele uma data para entrevista. Todos os dias havia um trem de passageiros que se destinava a esta cidade, na data marcada ele atendendo o compromisso, chegou aqui e fez a entrevista necessária, retirando em seguida para sua residência. Alguns dias decorridos chegou sua nomeação e convocado a iniciar o serviço, iniciando-se sua carreira ferroviária no cargo de Auxiliar de Trens, com sede em Ourinhos. Havendo muita satisfação demonstrada, pois ali começava uma vida nova e cheia de esperança para dias melhores. Residindo na sede de seu trabalho não tive conhecimento se trouxe sua mãe, ou ela preferiu ficar morando no mesmo lugar. Quando veio para cá já tinha uma namorada no lugarejo, sendo a moça filha do Sr Antonio Toledo, o qual possuía uma pequena fabrica de vassoura daquelas tipo caipira, inclusive hoje ainda de vez enquanto deparamos alguém comercializando nas ruas da cidade. Sua produção era toda vendida nas cidades vizinhas, que para sua distribuição usava como meio de transportes o trem que transpunha o local. Com sua estabilidade no serviço, resolveu se casar. Aquela moça que ele namorava tornou-se sua esposa, daí também iniciaram sua vida, dessa união nasceram 2 ou 3 filhos, não sei precisar. Residindo na Vila Margarida, Pedro ótimo empregado era por todos admirado e tinha muita facilidade de amizade, contribuindo daí para que ele vivesse em paz no lar e também na igreja da qual ele participava. Ironia do destino, pois hoje ainda me lembro da primeira conversa e seu ingresso na ferrovia. O tempo passou, dei muitas voltas até chegar a assumir o Cargo de Encarregado do Pessoal de Trens, justamente onde estava locado o velho amigo Paixão. Minha função além de outras era escalar o pessoal para viagem, cujo trajeto abrangente até Jaguariaiva, Sul e Apucarana Norte do Paraná, respectivamente. Em cumprimento a escala seguiu para Jaguariaiva, como Maquinista Manoel José de Oliveira, e seu auxiliar Pedro Paixão. A viagem de ida transcorreu normal, lá chegando todos vão para o repouso, para o retorno também trabalhando. À noite cumprindo escala assumiram seus postos e deu inicio a viagem de retorno. A composição era composta com vagões destinados a diversas estações no trecho, razão disso haveria necessidade de manobras ao longo do percurso. O primeiro serviço foi em Arapoti, cujo local deveria ficar dois vagões, assim sendo, ali iniciou a manobra necessária. Como era noite, então o manobrador, no caso o Paixão de posse de uma lanterna de proteção dava sinal usado entre ele e o maquinista, este fazia a movimentação da composição para a execução do serviço. Atento ao posto e aos sinais percebeu o maquinista lá do seu posto o desaparecimento dos sinais, logo pensou que algo havia ocorrido daí estacionou a composição e foi averiguar o que estava acontecendo. Lá chegando deparou com um episódio lamentável, pois seu colega Pedro Paixão estava em baixo do vagão já sem vida, o que tudo indica ele caiu na frente da composição e está passou por cima do seu corpo. Tomando conhecimento do ocorrido dirigi-me para o local, ou seja, Jaguariaiva onde estava o corpo daquele empregado. Fizemos o necessário, as documentações para a liberação e autorização para o translado dos restos mortais para a cidade de Ourinhos, onde foi entregue aos seus familiares. Nosso saudoso Paixão foi sepultado no Cemitério local. Não tive mais contato com sua família, penso que ainda residam na cidade. O maquinista Manoel José de Oliveira, hoje com 82 anos, reside ainda em Ourinhos, congrega na Igreja da Congregação Cristã, onde continua sua vocação, pois um de seus maiores desejos sempre foi a musica, daí toca diuturnamente nos cultos ali existentes. Hoje o Paixão mora no Céu junto a Deus, lugar que ele conquistou durante sua trajetória terrena, principalmente pela sua humilde

Ourinhos – Outubro 2010 Nadir Ferreira da Silva

Aposentado e Coordenador do Grupo Amor Exigente (Acidente ocorrido mais ou menos entre 1973 e 1975 )

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