A balconista Rosa Maria, 62 anos, sempre manteve suas contas em dia, até que a perda inesperada do emprego a deixou numa situação desconfortável. Sem poder contar com a renda fixa no final do mês, as dívidas foram se acumulando e o nome dela foi parar no cadastro negativo do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). “Sempre tive orgulho e andei de cabeça erguida por ter minhas contas controladas, nunca deixei de honrar meus compromissos. É muito constrangedor ficar com o nome sujo por causa de dívidas”, relatou a comerciária. A única solução encontrada por Rosa Maria para recuperar o crédito na praça foi renegociar a dívida junto à empresa credora. O acordo gerou um novo parcelamento do valor devido que está sendo pago com o auxílio do seguro-desemprego.
Além da perda do emprego, que é a causa mais comum nos dias de hoje, outras situações adversas levam os brasileiros para a “lista negra” do SCPC. A falta de planejamento do orçamento doméstico é uma delas e faz com que as dívidas se transformem numa “bola de neve”, fazendo com que o consumidor se endivide cada vez mais.
Como conseqüência, os inadimplentes sofrem uma série de restrições, como falta de crédito no mercado. Nas agências bancárias, nada de cheque especial, cartão de crédito ou crédito pré-aprovado. Já nas lojas, compras com boleto e cheque-pré não são autorizadas. Outro agravante são as sequelas indiretas que o devedor vai encontrar na hora de procurar uma vaga de emprego. Nenhuma empresa quer ter funcionários que não tenha educação financeira e que não seja reconhecido como um bom consumidor, pois, na visão de certos empresários, isso afeta diretamente sua produtividade no trabalho. A boa notícia é que, com a proximidade do final do ano, está crescente o número de pessoas preocupadas em limpar o nome para aproveitar as compras de Natal. Dados do SCPC da Associação Comercial e Empresarial de Ourinhos revelam no período de agosto a outubro um aumento de 30% no registro de exclusões, se comparado ao mesmo período do ano passado. “São resultados animadores que comprovam que nossa economia está crescente”, exaltou o presidente da ACE, Diógenes Correa Leite, que dedica boa parte da recuperação de crédito à entrada do 13º salário no mercado. “Só no Estado de São Paulo, os recursos extras deverão alcançar uma cifra em torno de R$ 31,2 bilhões”, justificou. SCC - Com o objetivo de recuperar o dinheiro perdido dos comerciantes e, ao mesmo tempo, ajudar os inadimplentes a voltar ter crédito para comprar na praça, a ACE Ourinhos conta com o SCC (Serviço de Controle de Cobrança), que faz a intermediação das negociações entre a empresa associada e o cliente devedor. O responsável pelo SCC, Gilvano José da Silva, explica que o empresário, ao fazer sua adesão, aumenta significativamente as chances de quitação da dívida, sem falar da comodidade da cobrança, que ficará a cargo da entidade. Sob condições previamente negociadas, a ACE realiza o recebimento dos débitos, corrigindo-os e atualizando-os através de sistema totalmente informatizado. Já o consumidor terá a vantagem de negociar dívidas em atraso com juros mais acessíveis e condições de pagamento facilitadas. Mais informações sobre o Serviço de Controle de Cobrança podem ser obtidas pelo telefone (14) 3302-3300.