ETA MENTIRA

Nadir Ferreira da Silva 13/10/2011 - 23:33:15 Artigos

Continuando a mentalizar o passado, consegui lembrar-me de um fato bem pitoresco, do qual dado a sua maneira como aconteceu, foi motivo de comentários por muito tempo nos meios das pessoas, das quais gostavam de reunir para contar suas engenhosas estórias. Tal fato ocorreu em divisa de Estado, onde seu marco era um rio, por sinal bem largo, talvez uns 100 metros. Pois bem, existiam dois sitiantes que possuíam sítios as margens desse rio, só que um era em um estado, enquanto que o outro era na margem oposta, com isso pertencia a outro estado. Os dois senhores, por sinal, com bastante amizade, chegaram até o ponto de serem compadres, pois um batizou o filho do outro. Nos sítios a luta era igual, pois plantavam, criavam porcos, galinhas, algumas cabeças de gado e até ovelhas. Como a terra era de boa qualidade, tudo o que nela plantasse era colheita certa. Sendo propriedade pequena, cada um usava o máximo possível de seu espaço. Ali plantavam milho, a beira do rio cultivava arroz, batatinha entre outros cereais. Um sitiante aproveitando o espaço a beira do rio fez um mangueirão e criava seus porcos, pois devido o banhado o local era próprio para essa atividade. Consequentemente, do outro lado o seu compadre cultivou um bom pedaço no plantio de mandioca. Com a fertilidade da terra as raízes das mandiocas se desenvolviam muito a ponto de dar inveja às pessoas que visitavam o local, considerando o tamanho das mesmas. Como tudo acontece, até algumas mentiras parecem verdades, quando contada com certo jeito pelo próprio inventor da estória. Em determinada época a conversa entre os dois sitiantes surgiu uma dúvida, a qual através do diálogo eles procuraram a razão do acontecido. O morador que tinha o chiqueiro na beira do rio comentou com o colega: engraçado... ontem contei minha porcada e percebi que no meio dela apareceu 2 cabeças estranhas, tenho certeza que não são minhas. A conversa alertou o vizinho, daí resolveu contar também seus porcos, então a surpresa, pois estava faltando dois leitões da quantidade que ele possuía. O estranho era que ninguém sabia como havia acontecido tal mudança das criações, pois só havia acesso por água, haja vista de que por terra tinha muita distância. Daí começou a investigação, sondam daqui, sondam dali, nada de vestígio para solução do problema. Passado alguns dias o compadre que havia plantado as mandiocas a beira do rio conseguiu desvendar o mistério. Uma das raízes da mandioca cresceu tanto que atravessou por baixo do rio, e os porcos comendo seu meio foram adentrando mandioca adentro e conseguiram atingir as margens do rio do outro lado. As mentiras sempre vêm acompanhadas de outras. O compadre que ouvia a estória ficou abismado, e pensou, vou dar o troco, pois é muita mentira para um só dia. Ficou martelando suas idéias, e pensando no troco. Um dia saiu cedo de casa para fazer alguns negócios na cidade, só voltando a tarde. Atitude esta que ele não tinha por hábito, pois quando saia logo voltava, seu compadre procurou ele por algumas vezes e estranhou a demora do mesmo. No dia seguinte, logo de manhã em diálogo o compadre que tinha o chiqueiro ligado ao rio perguntou, ..compadre onde foste ontem, pois te procurei e não encontrei ! A sim, disse ao seu compadre, pois ontem eu fui até a cidade a procura de uma oficina de fundição para fazer uma encomenda, a qual tive dificuldade em encontrá-la. Ué, disse o outro, que encomenda era essa que teve tanta dificuldade de encontrar! Não é compadre... fui mandar fazer um panelão de 4 metros de diâmetro para mim! Que tamanho estranho, disse o compadre, e pra que? È de fato grande, mais era preciso, pois do contrário não caberia a raiz de mandioca que o senhor encontrou para cozinhar. O compadre dos porcos, falou ufá... pensei que eu ia ficar com haver nas mentiras, e o senhor acabou empatando novamente. Não sei se este fato ocorreu, porém, a estória existe...

Ourinhos novembro 2010 Nadir Ferreira da Silva- Pensador
Email: nadirferreirasilva@htmail.com

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