PRESENTE ESCOLAR

Nadir Ferreira da Silva 23/10/2011 - 20:10:54 Artigos

Quando meus 9 anos de idade frequentava uma escola rural no bairro onde morava junto a meus pais. A escola era uma extensão do grupo escolar que existia no distrito onde se localizava uma fabrica de papel, cuja indústria meu pai fazia parte de seus empregados. Naquela escola rural que atendia os filhos dos funcionários, os quais trabalhavam na mata virgem, de onde eles derrubavam as árvores, transformando-as em pequenos pedaços para dali serem transportados via rodovia até a indústria, para serem transformados em pasta de celulose, daí a fabricar o papel, cujo produto era transportado para exportação. A escola era freqüentada por 60 alunos, em dois turnos: das 8 horas até as 12 horas, e das 13 horas até ás 18 horas, divididos em 30 alunos por turnos e para isso existia duas professoras, que também lecionavam uma em cada horário. Eu e mais 29 colegas estudávamos no período de manhã, ou seja, das 8 horas até as 12 horas. A classe era mista, pois estudava meninos e meninas, tudo dentro de um respeito imposto pela professora. Dona Eliza “professora” morava distante e todos os dias fazia o percurso de charrete. Era uma senhora com idade avançada, daí a muito ela exercia a profissão, resultando em profundo conhecimento de seu trabalho, pois ela nós ensinava as quatro matérias, ou seja, português, matemática, geografia e história, cujas matérias ela dividia por dias da semana ex: 2ª português, 3ª matemática, e assim ela distribuía e executava seu ensinamento com perfeição. Interessante que entre os alunos sempre existia um que tinha mais facilidade em alguma matéria, daí esse aluno com seu conhecimento ajudava Dona Eliza a ensinar os demais. O dono da indústria morava na capital do estado, e duas vezes por mês vinha de avião a fim de inspecionar os trabalhos que seus subordinados, encarregados das seções executavam. Na época existiam poucos aviões, raramente se ouvia um voando, daí nossa vontade de conhecer um tornou um desejo. Com o correr dos tempos, um belo dia a professora nos comunicou de que o dono da fabrica chegaria e ela e sua colega que trabalhava no turno da tarde combinaram de nos levar até o Campo de Pouso dos aviões e lá iríamos conhecer aquela aeronave que era de propriedade do dono da fabrica. O campo era distante mais ou menos 12 km do local onde morávamos. Conseguiram uma jardineira (ônibus) para nossa viagem. Ninguém queira saber da nossa satisfação em fazer aquele passeio e por fim ainda conhecer um avião... que legal! No dia marcado chegou a condução, nos todos com lanches preparados, embarcamos e começou aquele tão sonhado passeio. Lá chegando, junto ao avião estava o homem que dirigia, o tal piloto, daí todos os alunos em fila por ordem das professoras, iniciou o reconhecimento daquele esquisito aparelho. Todas as perguntas que nos fazíamos, o piloto muito atencioso nos explicava com paciência, isto para nos conhecer de verdade o avião. Vencido o horário da visita, embarcamos e retornamos para nossas casas. Para mim, aquele foi o melhor presente que obtive durante o tempo em que estudei naquela escola... “Conhecer um avião”, quantas alegrias... !!!!!!!!!!! Fato ocorrido em 1943.

Ourinhos outubro de 2011 Nadir Ferreira da Silva - Pensador

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