HISTORIA DA VOVÓ

Nadir Ferreira da Silva 14/11/2010 - 21:28:20 Artigos

Nos dias em que as coisas aconteciam segundo seus desejos, minha avó era amável, carinhosa, até gostava de contar algumas histórias que ela participou, muitas em companhia de suas amigas. Numa das tardes de verão, em casa, brincando com alguns amigos de infância, fomos até onde estava a avó, a qual pelo que apresentava estava de bom humor, estava saboreando seu inseparável amigo, o cigarrinho de palha. Notando sua satisfação aproveitei a oportunidade e pedi a ela que nos contasse uma de suas muitas histórias que sabia, a qual satisfazendo meu desejo e também dos meus amiguinhos, disse: sente aqui perto que vou lhe contar uma passagem que aconteceu anos atrás, quando o marido de minha amiga faleceu... Estando casados já há muito tempo, os dois com seus filhos casados, estavam morando só. O velho já aposentado estava sempre junto a sua esposa, assim sendo, fazia-lhe todos os gostos.. Sendo ele bom violeiro, possuía uma viola, a qual lhe acompanhava à muito. Com esse instrumento, toda tarde, ele sentava na varanda de sua residência e com a viola em mãos, começava a pontilhar algumas modas antigas, com isso a velha que também gostava, sentava perto e ali os dois entre uma moda e outra trocava carícias de amor, ato este que até dava a nós um fio de inveja, pois a vida dos dois era um exemplo de cumplicidade mutua.. Porém, como tudo na vida tem fim, aquela convivência também um dia chegou seu final, isto em razão do falecimento do velho violeiro... Antes de falecer o homem fez um pedido a sua esposa, que quando viesse a morrer gostaria que sua viola fosse enterrada com ele. Porém, o tempo passou, enfim, chegou o dia fatal, sua morte arrebatou do convívio de sua companheira. Naquela época quando morria alguém, o caixão era feito por um curioso, pois sabendo dominar as ferramentas, só tiravam a medida do defunto, logo o caixão estava pronto. Com o acontecido, nem sempre se lembra de alguma coisa ou pedido da pessoa que faleceu. Lá pelas tantas, a velha lembrou-se do pedido do velho e se desesperou, pois tinha que atender seu ultimo pedido, e o pior é que não foi deixado espaço no caixão, afinal ninguém sabia daquele pedido. Foi até o caixão, olhou por todas as partes, infelizmente não havia espaço para a viola. Veio o desespero na velha, começou a chorar, pois pensou em não ter oportunidade de atender aquele pedido. Mas, tudo há um jeito, alguns curiosos vendo o desespero daquela senhora, resolveram ajudar. Pensar daqui, dali, veio uma solução através de um curioso. Mãos a obra: forçaram um pouco e conseguiram abrir as pernas do defunto, com isso colocaram a viola naquela abertura. Com isso a viola foi junto ao seu dono. Passaram o tempo, a velha curtindo aquela ausência, sempre que alguém lembrava à velha, está chorando sempre dizia... É difícil esquecer, porém o que mais achava falta era o que o seu companheiro levou no vão das pernas! Gostaria que ninguém levasse este acontecimento pelo lado da malícia e sim focando com critério qual era sua intenção na resposta daquela anciã.
Assim terminou a história da minha avó.
Ourinhos novembro de 2010 Nadir Ferreira da Silva - Pensador

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