A VIAGEM DE JARDINEIRA (ÔNIBUS)

Nadir Ferreira da Silva 10/01/2011 - 09:09:59 Artigos

Num domingo tempos atrás, estando em meus aposentos, lá fora chovia, seu barulho no telhado convidava à meditação... Nesta situação nossa mente fica vagando para o passado, onde nosso pensamento reproduz com certa nitidez alguns dos acontecimentos que vivenciamos em épocas passadas, e que marcaram definitivamente em nosso subconsciente. Quando criança vivendo sob as custódias de minha avó, todas as passagens por ela passada, eu estando a seu lado também participava. Uma determinada época, nos residindo em um determinado lugar, trabalhando na lavoura com um amigo nosso. Um dia aquele senhor disse a minha avó de que o serviço na sua propriedade estava findando, porém, ele tinha um irmão que residia distante dali uns 20 km, cujo serviço era no cafezal, haja vista de que possuía muitos pés de café, que para seu cultivo exigia muita mão de obra. Considerando a necessidade do trabalho para angariar dinheiro para nosso sustento e sobre vivência, a avó ouviu aquele conselho, notando de que no local onde morávamos forçosamente iríamos ficar sem ocupação, isto em função do término do serviço, resolveu aceitar a proposta do amigo e um dia resolveu viajar até aquela localidade para conhecer o irmão de seu amigo e também ver a proposta que faria para nós trabalhar na sua propriedade. Naquele tempo (anos 40 aos 43), tudo era vagaroso, dificuldades, uma maior do que a outra, pois tudo era difícil, inclusive a locomoção, haja vista que uma viagem na distância acima demoraria quase o dia todo. Passava pelo lugarejo onde morávamos uma jardineira (atuais ônibus) somente uma vez por dia, isto em tempo bom, ou se a condução estivesse em ordem, pois mais vivia quebrado do que em condições de uso. Se aprontarmos logo de manhã, o horário da passagem era ás 09 horas. Tivemos sorte, pois naquele dia ela circulou. Embarcamos na condução e lá fomos rumo ao local indicado pelo amigo da avó. Para atingir o objetivo havia alguns inconvenientes, inclusive tinha que atravessar o Rio das Cinzas, (100 metros aproximadamente de largura), local que a ponte era de madeira, mal conservada, estava oferecendo perigo na sua travessia. Antes de transpô-la todos desciam da condução, o veiculo passava vazio, após os passageiros seguirem a pé até atingir a outra margem, reiniciando a viagem.. Minha avó muita apressada, logo ao desembarcar já adentrou a ponte seguindo na frente da condução, isto só aconteceu com ela e eu, pois os outros passageiros todos seguiram atrás e em segurança. Quanto a nós, eu e a velha, se algo acontecesse com o ônibus forçosamente iríamos ser também atingido, só pelo fato de estarmos na frente da Jardineira. Passamos a ponte, lá pelas 16 horas chegamos ao destino. Ao chegar fomos muito bem recebidos pelos donos da casa. A esposa daquele irmão do amigo de vovó era muito amável, alegre, falante, e deixou minha avó a vontade. Após o jantar houve os acertos sobre o serviço.. Tudo acertado, serviço para uns 90 dias, minha avó achou por bem se arrumar por lá mesmo, considerando que aquela senhora, boa de coração, arrumou algo para nós, inclusive um paiol onde passaríamos os dias que lá ficasse. Decorrido o prazo, serviço concluído, de regresso a velha morada. Hoje fico pensando que se um dia necessitar passar em alguns lugares que ofereça perigo, serei mais atencioso e não irei abusar da sorte conforme aconteceu naquele dia, HAJA MEMORIA PARA TANTAS HISTÓRIAS...UFA !

Ourinhos Janeiro 2011 Nadir Ferreira da Silva - Pensador.


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