TIRIRICA E OUTROS BICHOS

Sylvio Micelli 18/09/2010 - 13:16:32 Artigos

Desde o início da campanha eleitoral, muito se fala da candidatura de Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço, humorista, cantor (?) e "abestado" Tiririca.

Já li vários e-mails e reportagens, aqui e ali, no geral muito críticas à candidatura. Listas circulam pela Internet detonando candidatos famosos compostos por humoristas, ex-jogadores de futebol e até mulheres que atendem pelo nome de frutas. Pessoas ironizam a formação educacional de tais postulantes. Seja como for, o fato é que Tiririca dominou os noticiários e deverá ser eleito sem nenhuma dificuldade. Toda essa celeuma é uma tremenda hipocrisia que (juro!) pensei que tivesse deixado de existir após a eleição de Lula ao maior cargo do País.

Tenho, enfim, algumas ponderações sobre o tema:

1. O cidadão Francisco Everardo Oliveira Silva, bem como seus companheiros de (má) fama, tem todo o direito de votar e ser votado. A Constituição Federal garante isso a todo o brasileiro.

2. Sua campanha é de uma ironia deslavada e de extrema perspicácia. Seu slogan "Pior que tá, não fica" não deve ser motivo de risos e sim, de reflexão. Suas perguntas capiciosas do tipo "você sabe o que faz um deputado?" demonstra com exatidão que boa parte da população não acredita no Legislativo.

3. Suas roupas alegres e seu material de campanha fazem troça com esta triste realidade nacional.

E aí eu pergunto: estará ele errado? Estará seu partido (PR - Partido da República) errado?

Tiririca, assim como aconteceu com Enéas Carneiro (do extinto Prona e que se fundiu ao Partido Liberal para formar o PR) e em priscas eras com o rinoceronte Cacareco, é fruto de uma sociedade, em parte alienada, em parte descrente.

Caso ele seja eleito - e tudo indica que o será e com mais de 1 milhão de votos - teremos mais um deputado fruto do voto de protesto que, apesar de imbecil para os que se julgam acima do bem e do mal - demonstra que boa parte da população não está nem aí para a política, porque já sabe que as promessas dos engravatados, repetidas a cada pleito, estão esvaziadas e raramente são cumpridas.

A possível eleição de Tiririca também é um aviso para que os próximos governantes pautem, discutam e votem as reformas que o Brasil precisa - política, econômica, tributária e, quiçá, moral - mas que não interessa a ninguém, porque geralmente mexe no interesse de todos.

O problema, enfim, não está no Tiririca e nos outros "famosos". O problema está na classe política, em boa parte desacreditada e no eleitorado, em boa parte alienado.

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