Hoje estou com 24 anos, nasci no interior do estado de São Paulo, segundo os meus pais adotivos, eles me adotaram quando eu tinha 6 meses de idade. De minha origem só isto é que sei sobre minha adoção por eles, meus pais adotivos, evangélicos, papai pastor, mamãe do lar, logo que me adotaram se transferiram de mudança para o interior do estado do Paraná , local onde vivi minha infância e juventude. Pais muitos severos, sempre exigindo o máximo de mim, principalmente nos estudos e na religião. Com o decorrer dos tempos tocava no assunto querendo saber dos meus pais biológicos, inclusive se ainda vivem, a razão de minha adoção, nome deles, o que faziam, enfim, uma curiosidade normal de uma pessoa que gostaria de conhecer um pouco do seu passado. Sempre que tocava no assunto eles procuravam mudar a conversa, nunca dando vazão para atender minha curiosidade, atitude está que muito me deprimia, afinal pensava ser um direito meu e que estava sendo negado por quem tinha condição de solucionar o problema que estava me afetando, tanto fisicamente como espiritualmente. Era só curiosidade, pois nunca pensei em deixá-los caso viesse, a saber, da verdadeira história e do jeito que aconteceu, pois inclusive não haveria razão para tal atitude, considerando que eles sempre me dedicaram afeição e muito amor. Aos 18 anos durante um diálogo com papai sobre o assunto, este foi categórico para comigo, inclusive proibiu definitivamente falar mais sobre o assunto em casa. Fiquei triste, afinal ele fechou todas as portas para mim, fazendo eu perder todas as esperanças em um dia conhecer meus pais biológicos... Quando aos 20 anos, bem empregado, pois era assessor do gerente de uma grande firma na cidade, salário razoável, resolvi dar um basta naquela situação, pois aquela proibição me atingiu muito minha sensibilidade, inclusive como ser humano. Resolvi sair de casa, mamãe foi quem mais demonstrou sentimentos, porém, a decisão estava tomada, e assim foi cumprida. Hoje moro em um Hotel, continuo trabalhando na mesma firma, visito meus pais periodicamente, mamãe me recebe com muito amor, enquanto meu pai percebo que sempre procura me evitar. Para um ser humano viver feliz deve conhecer principalmente suas origens, por isso acho que a adoção é um ato sublime, porém, deve respeitar a vontade da pessoa que tem vontade em conhecer suas origens.

Ourinhos fevereiro 2011
Nadir Ferreira da Silva
Email: nadirferreirasilva@hotmail.com
(Qualquer semelhança é mera coincidência)