As declarações recentes do radialista Luiz Alberto de Mello sobre o ex-funcionário da Rádio Melodia FM, pastor Joel da Silva, levaram o pastor a procurar a imprensa para esclarecer alguns pontos que causaram polêmica. "Eu não sei o que ele (Luiz Alberto) quis dizer... Lógico que eu sei ... Mas um jornalista falar ... O que que ele quis dizer com Mané? Eu trabalhei 18 anos, filho! Um Mané não trabalha 18 anos de manhã, horário bravo que quase ninguém quer! Eu fazia porque eu gostava. E sem faltar um dia!", declarou Joel. "Ele (Luiz Alberto) colocou lá (entrevista) que vários advogados se prontificaram de me ferrar. Então me arruma um pra mim só. Pra mim receber esses 18 anos lá da Melodia ou da Fundação. Então me arruma um deles. Já que é uma coisa séria deles, então começa sério acertando os meus 18 anos. Não é?", completou.

De quebra, novas revelações sobre o Caso Melodia foram feitas por Joel, comprometendo ainda mais o vereador Inácio JB Filho (PT), atualmente alvo de investigação aberta pelo Ministério Público, e provável réu de um processo de cassação na Câmara Municipal. O vereador, eleito para o mandato 2013-2016, é suspeito de dirigir a Rádio Melodia enquanto investido no cargo eletivo. A emissora, que ainda consta no registro da Anatel com o nome de Inácio como Diretor Superintendente, recebeu mais de R$ 50 mil referentes a verba de publicidade da Prefeitura de Ourinhos entre os anos de 2013 e 2014, uma prática vedada por lei, a qual impede que o vereador, cônjuges, parentes ou afins prestem serviços a administração pública, enquanto o vereador ocupar o cargo e até seis meses após deixar a função. "Basta você ir em crente por crente de Ourinhos que sabe que a rádio é dele (Inácio). Não precisa só eu falar, todos os pastores que foram fazer programação lá (rádio Melodia) não conversavam com o Luiz Alberto. Era com o Inácio", explicou Joel.

Joel foi categórico em afirmar que nunca assinou nenhuma ata de reunião ou lista de presença. Recentemente, em sessão camarária, o vereador Inácio entregou documentos registrados em cartório aos parlamentares, na tentativa de convencer os colegas vereadores de que tudo estaria certo e que ele não era mais o Diretor Superintendente da FUMIVIDA (Fundação Cultural e Comunitária Missões Vida de Ourinhos), mantenedora da Rádio Melodia. Um dos documentos, uma suposta lista de presença de reunião, onde constava em um dos itens da "Ordem do dia" a renúncia do Diretor Superintendente (Inácio) e a indicação de um novo nome para o cargo, havia o nome de Joel como um dos participantes. Em entrevista anterior, Joel já havia dito que não participou de nenhuma reunião, fato que invalidaria o documento apresentado por Inácio. Segundo ele, nunca lhe foi dado nenhum documento referente a reuniões da entidade para que assinasse. "Eu nunca assinei nada. Eu nunca vi o Inácio chegar e falar assim: Olha, está aqui, vou passar o livro e você assina", esclareceu o pastor.

E tem mais. Por fim, Joel também revelou que logo após um de seus programas matinais, Inácio o chamou para uma conversa. Segundo o pastor, o vereador, na condição de dirigente da rádio, teria determinado que ele não criticasse a Prefeitura em razão da emissora estar recebendo pagamentos por serviços de publicidade. "No meu programa de manhã eu fui falar a respeito dos buracos do Jardim Itamaraty, onde moro. Como eu tenho o meu carro e minha moto, estava difícil andar pelo Itamaraty com tanto buraco. A Prefeita não estava vendo isso lá. Eu fui chamado logo depois do meu programa para esperar o Inácio. Daí o Inácio falou para mim que não era para mim poder falar da prefeitura porque a prefeitura estava pagando, tava dando uma certa quantia para a rádio sobre propagandas das coisas de imprensa. Então eu não poderia dar alfinetada. E não pude falar a respeito de prefeitura, política e mais nada", declarou.

No documento apresentado por Inácio aos vereadores, onde pretendia provar que realizou uma reunião para tratar sobre sua saída da direção da FUMIVIDA poucos dias após ser eleito vereador, constava apenas a própria assinatura, seu nome e os de 7 supostos participantes da reunião, entre eles o pastor Joel da Silva, que negou ter participado desta reunião.