COMPORTAMENTO INADEQUADO

Nadir Ferreira da Silva 01/06/2011 - 20:58:24 Artigos

Certa ocasião, quando ainda era namorado, como normal era com freqüência minhas visitas em casa da noiva. Seus pais, sitiantes, seu trabalho constituía em agricultura e criação de alguns animais. O meu sogro na época possuía um pequeno sitio, localizado no lugarejo, bem próximo a via férrea, cujo local residia juntamente com sua família. Era 6 alqueires de terra, porém, dado sua organização era bem distribuído seus espaços, pois lá existia , além da casa, um pequeno pomar, onde havia uma grande variedade de árvores frutíferas, tais como: laranja de diversas qualidades, bananal, pé de caqui , de pêra, maçã, jaca, pêssego, poncã, cidra, limão, além de um belo parreiral. Paralelo conservava 400 caixotes com abelhas, onde tinha uma grande produção de mel, cujo produto, a sobra do consumo era comercializado com a Fabrica de doce Maracanã, localizada aqui em Ourinhos Sp, a uma distancia de 52 Km de sua propriedade. Além da produção de mel, havia também o plantio em grande escala de batata doce, cuja produção era também comercializada com a Maracanã. Dos 6 alqueires de terra, mais de 2 eram mata virgem, a qual era cuidada pelo velho com muito amor e carinho, pois na região só existia essa reserva. O resto do terreno era aproveitado no plantio de cereais, tais como: arroz, feijão, mandioca, batatinha e outros. Havia também um pedaço do sitio em pastagem, onde conservava algumas cabeças de gado, e animais para o serviço necessário no local. Todo serviço era feito manual, onde para o preparo do mel existia uma prensa de madeira arredondada onde, após colocar os favos de mel, fazia com que fosse prensado, daí separava o mel da cera. A exemplo do mel, a cera era comercializada com a Indústria Hidalgo em Curitiba, onde era usada na fabricação de sabão. Entre as criações de animais, havia a de suínos, onde os porcos eram postos para engordas, depois também comercializados, sempre respeitando o necessário para o uso familiar. Muitas cabeças de galinhas, com boa produção de ovos, vendidos semanalmente a um senhor de Jacarezinho, o qual visitava o lugarejo com pontualidade. A renda dos produtos, tais como: alho, cebola, ovos e das frutas era todas para minha sogra, cujas quantias ela usava da maneira que ela necessitasse. A pós a compra de um segundo sitio, este com 25 alqueires, distante uns 6 km, o velho sob dividiu o trabalho, inclusive os dois filhos que ainda eram solteiros. Adriano e Augusto ficaram trabalhando exclusivamente no plantio de milho, feijão e abóbora, isto no sitio. Todos os dias de manhã os dois rapazes, a cavalo dirigiam-se ao trabalho, onde permaneciam o dia inteiro. Após atender os serviços da propriedade onde residia, a tarefa do velho era levar o almoço aos filhos e lá continuar o trabalho em conjunto com os mesmos até a tarde. Meu sogro, português, veio de sua terra natal quando tinha 3 filhos dos 9 filhos que totalizava sua família. No início de Brasil tiveram alguns contra tempo, dos quais, até roubado foi em determinada época. Porém, com sua persistência e força de vontade superou as dificuldades oriundas da própria vida em si. Sempre vivendo honestamente, nunca perdeu a esperança, razão disso teve uma vida digna de ser imitada dada sua conduta. Como toda a história tem alguma passagem que poderemos até considerar como pitoresca, esta não fugiu a regra. Numa manhã, almoço pronto, hora de levar aos filhos que estava trabalhando. Além do almoço, naquele dia havia necessidade de levar uma plantadeira (manual) de arroz, pois lá havia serviço que ela iria ser utilizada. Às vezes as coisas não demonstram ser fácil conforme apresenta. O velho ficou pensando onde poderia colocar aquela ferramenta, pois já havia os embornais com as marmitas de comida para os filhos. Seu percurso era feito a cavalo, enfim, haveria de achar uma solução. Resolvido a questão, iniciou-se a montaria, logo pegou as marmitas sobre os ombros, montada segurou as rédeas do animal e pediu para alguém a plantadeira, a qual ele colocou debaixo de um braço e pensou a iniciar a viagem. O imprevisto aconteceu, ele esqueceu que estava a cavalo, então deu ordem ao animal, e este andou, porém, o velho segurou as rédeas com as mãos, as marmitas sobre seu ombro, ele querendo proteger a plantadeira apertou-a entre seu braço e seu corpo, considerando firmeza abriu as pernas e com a arrancada do animal, ele desgovernou-se caindo sobre a cauda do animal, o qual foi motivo de risos dos presentes. Porém, como naquele tempo imperava certo respeito entre os mais velhos, este foi respeitado e os risos se acabaram imediatamente. Após o enlace, nova tentativa, agora já preparado concluiu a viagem em casa, longe do velho, seus familiares comentavam o ocorrido, porém, com cuidado para não ser percebido pelo mesmo, o que realmente ele iria ficar bem nervoso. Fato ocorrido mais ou menos em 1951. Ourinhos dezembro 2008 Nadir Ferreira da Silva

Email: nadirferreirasilva@hotmail.com

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