O PODEROSO FAZENDEIRO (PRIMEIRA PARTE)

Nadir Ferreira da Silva 22/09/2011 - 18:59:19 Artigos

Em nossa juventude e adolescência, nossa mente registra muitos acontecimentos, os quais ficam ocupando espaços em nossos pensamentos, e devido a tendência que temos em recordar e retirar de nossa memória os registros de acontecimentos que embora a distância presenciamos e sabemos dos ocorridos, de atitudes que alguém praticou durante sua vida terrena. Um senhor possuidor de alguns alqueires de terra (50 alqueires aproximadamente), de boa qualidade, com sede, onde vivia com sua esposa e um casal de filhos: menino mais velho uns 2 anos. Na idade escolar fomos colegas, estudávamos na mesma escola. Embora a rudez do pai, seus filhos eram humildes e demonstravam muitas carências e afetos. A mãe fazia tudo para suprir a falta de afeto do pai pelos filhos, embora não tinha muitas condições, pois também sofria muito devido ao mau humor que seu esposo era possuidor. Em casa ele era soberano, suas ordens eram para serem cumpridas, nunca contestadas. Sua tirania era tamanha que muitas vezes obrigava a mulher tomar conserva de pimenta, só para impor sua autoridade. Muitas vezes fazia as crianças rirem e chorarem ao mesmo tempo, pura ignorância... Financeiramente boa situação, muitos animais (gado, cavalo, carneiros e caprinos). Todas as semanas saia e nos bares, ao chegar tomava conta, mandava distribuir copos no balcão, encher de cachaça e após mexer com o cano do revolver obrigava todos os presentes tomarem. Uma das vezes que usou desse método, após encher os copos, distribuiu aos presentes, um rapaz recusou alegando doença, vendo a insistência daquele malfeitor, correu e ao tentar fugir por uma janela foi seguro pelas costa e o fazendeiro retirou da cinta um punhal e deu-lhe 14 golpes, o qual caiu do outro lado em óbito. Esta atitude custou a ele 15 anos de reclusão na penitenciara do estado. Nesse período, seus filhos casaram e a filha não foi feliz, pois seu esposo muito bêbado separou-se logo. O filho ficou tomando conta da fazenda, teve 5 filhos. Durante a ausência do fazendeiro sua esposa também veio a falecer. No regresso, o velho assumiu novamente a direção dos negócios. Arrumou nova companheira, durou pouco a união devido aos maus tratos. Desesperado com a solidão, resolveu estabelecer uma nova união. Havia um fazendeiro há certa distância de sua propriedade e que era seu compadre, mais ou menos da mesma índole, severo demais com sua família, este tinha uma filha com idade de casamento, lá foi o compadre negociar a aquisição da moça. Os velhos em comum acordo foi acertado a união da moça com aquele velho compadre. Houve um negocio onde o noivo pagaria ao sogro a importância de cinqüenta conto de reis ao pai para trazer a moça e com ele morar. Tudo acertado, mãe da moça chorando junto com a filha, porém, nada podia fazer, pois a vontade dos homens era soberana. Durante uns meses aquela convivência parecia que teria futuro, porém, logo começou as desavenças, a moça não aquentando os maus tratos, um dia conheceu um rapaz e começou um relacionamento intimo que logo foi descoberto pelo velho. Um dia logo ao amanhecer disse a moça, arrume tuas coisas que hoje vamos até a casa de teu pai. Diante daquela decisão ela estranhou, porém, achou bom, pois a saudade da mãe era bastante. Após o inicio da viagem chegaram ao destino, velho espantado, pois não estava esperando aquela visita. Após os cumprimentos, os velhos na sala, filha foi ficar com a mãe, alias, normal. Disse o noivo: tenho um assunto serio a ser tratado, que diante disso, disse o pai, tudo bem, vamos almoçar depois resolvemos o problema. O almoço transcorreu normal. Logo a seguir os dois anciões na sala começaram a conversa, diz o noivo: compadre vim aqui para desfazer do negocio, pois sua filha andou fazendo algo que não gostei e resolvi acabar com o acordo sem violência. Daí a razão de nós desfazer do acordo. O velho pai bravo também, retirou da cintura seu revolver, coloco-o em cima da mesa e disse, aqui tudo se resolve, porém, só existe uma pequena exigência, eu recebo a minha filha de volta, devolvo o dote, desde que ela seja devolvida conforme o senhor levou....certo? Daí, diante daquela decisão só restou ao noivo montar em seu cavalo e retornar para casa só. Após esse drama, ele já velho foi se recolhendo, não mais saia de casa. Seu filho era o único que tinha contato, dava banho e refeição. Era um homem bem servido de pelos pelo corpo todo, agora sem zelo, pois não tomava banho, fazia barba e nem cortava o cabelo, virou um monstro totalmente coberto de pelo, ainda andava dentro casa só de quatro, parecia um animal. Dois anos mais ou menos faleceu e acabou aquele valentão que todos temia devido suas atitudes.
Ourinhos setembro 2011
Nadir Ferreira da Silva
Pensador


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