OUÇA SEUS PAIS

Nadir Ferreira da Silva 20/11/2011 - 14:46:38 Artigos

Papai e mamãe aposentados, vida humildes, mais honrada. Morávamos numa cidade grande (600 mil habitantes). Somos 4 filhos, 3 meninas e eu o caçula, já com 21 anos,ainda solteiro, fazia curso de direito e trabalhava em uma firma, ganhando o suficiente para minhas despesas, o estudo consegui bolsa, enfim, do papai só recebia acomodação e alimentação e o principal muito afeto, carinho e amor de ambos. Minhas irmãs todas casadas, meus cunhados todos formados e viviam em paz inclusive tenho 3 sobrinhos, um de cada irmã. Papai possuía casa bem valorizada, pois era na área central da cidade. As irmãs também moravam na mesma cidade e próxima de nossa casa. Tinha um bom relacionamento entre todos os membros da família, incluindo meus cunhados. Na Universidade conheci um colega que sua família residia em outra cidade e ele com dois colegas que fazia o curso de enfermagem viviam em uma república ali eles faziam suas próprias alimentações. Um dia meu colega fez um convite para visitar e conhecer onde ele morava. Uma tarde, estando de folga, tanto do serviço como do estudo, resolvi fazer a visita. Lá chegando fui apresentado para seus colegas. Era uma republica simples, porém, eles viviam demonstrando satisfação. Depois de um bom tempo de conversa, meu colega me ofereceu um pouco de cocaína, que recusei de imediato, porém, ele e seus colegas faziam uso e os três começaram a insistir tanto, inclusive alegando que era bom, pois dava muitas disposições e alegria com satisfação. A insistência foi tanto que chegaram avaliar nossa amizade, se éramos ou não amigos. Para satisfazer, experimentei, pior é que gostei do efeito e comecei a usar diariamente, isto escondido de meus pais, mais aos poucos seu efeito começou afetar meu modo de vida, já começando a faltar as aulas, deixando de meus cuidados higiênicos, também a falta ao serviço, sempre alegando pouca disposição. Mamãe que sempre me acompanhava começou a estranhar minha mudança de costumes e hábitos. Diante dessa mudança, mamãe um dia me chamou para uma conversa seria, pois queria saber a razão da transformação. Fez a seguinte pergunta, mais com tanta autoridade que após sua severidade não tive saída e falei para ela a verdade, a pergunta: Meu filho estou te estranhando a mudança repentina de teus hábitos, está existindo drogas no meio dessa diferença? Seja fiel a tua mãe, afinal sou tua mãe e melhor amiga, ainda protetora... Não havendo onde se safar da situação, declarei que de fato já há uns 6 meses estava usando cocaína, me sentia bem, afinal não seria eu o primeiro a tal atitude. Mamãe se desesperou, chamou papai e minhas irmãs, onde fizemos uma reunião, daí o alerta sobre o perigo e as perdas dos valores que começava a se distanciar até serem extintos. A reunião foi inútil, pois a força do vicio me dominou. Larguei os estudos e o trabalho, só vivendo sobre o efeito produzido pela cocaína. Com o passar dos tempos sai de casa, fui morar na republica junto aos colegas. Em casa aparecia de vez em quando, mamãe me acolhia com todo carinho, sempre pedindo para eu voltar para casa, largar do vicio e voltar a estudar para concluir os estudos, tudo em vão. Após um ano e meio mais ou menos, o dinheiro ficou difícil, precisava dele para adquirir a droga, combinamos e começamos a roubar para atender a necessidade. Logo se ausentei em definitivo de casa, os velhos estavam sofrendo muito com essa ausência. Uma tarde, logo ao anoitecer mamãe foi até a república. Ao bater na porta um dos colegas sacou do revolver e disse: vou receber a bala, daí ao abrir a porta disse o que a senhora esta fazendo aqui, vá embora, e perigoso demais ficar. Mamãe bem decidida falou, só vou se você for comigo, lá de dentro escutava um dos colegas dizer, mande essa velha embora, pois ela é um perigo ficar em frente, pois a policia está rondando o pedaço. Nesse momento percebemos a sirene da viatura, todos correram, nós quatro só ficando minha mãe em casa. Os policiais nos perseguiram e foram atirando a todos os lados, até que nos dominaram. Resultado: 2 mortos e dois feridos, caído no chão. Mamãe se aproximou e falou com um policial, o qual após se identificar, vamos levar vosso filho e o outro ferido para o hospital, os dois corpos a funerária virá buscar. No hospital fiquei 4 dias na UTI, minha mãe a minha cabeceira. Em diálogo ela me relatou o ocorrido, inclusive 2 mortos. Percebi não sentir os membros inferiores, mamãe deu a pior noticia, segundo o médico eu estava paraplégico, não havendo mais possibilidade de andar, só se movimentando com auxilio de cadeira de rodas. Já em casa, voltou ao normal, todos me visitando e me confortando pela tragédia. Larguei da droga, no ano seguinte retornei aos estudos e conclui o curso, estou trabalhando, vou viver eternamente com auxilio da cadeira de rodas. Apenas me resta o consolo de ainda estar vivo, e seria diferente se tivesse ouvido meus pais. Mamãe trata-me como um bebe, nunca reclama de nada. Está história é verídica, daí retrata bem a desobediência de um filho junto a seus pais.

Ourinhos/novembro 2011 Nadir Ferreira da Silva
Coordenador Amor Exigente
Email: nadirferreirasilva@hotmail.com

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