SAUDADE DA TERRA NATAL

Nadir Ferreira da Silva 06/12/2010 - 12:53:53 Artigos

Nos anos de 1970, devido a extinção do ramal ferroviário, trecho Wenceslau Braz – Lisimaco Costa- PR, a sede de pessoal que atendia aquele ramal era Wenceslau Braz que também foi desativada, conseqüentemente os ferroviários ali sediados foram transferidos para outras sedes. A maioria, pessoal de trens, todos vieram para Ourinhos SP, cuja sede atendia os trens para o Norte e também para o Sul do Paraná. Sabemos das dificuldades que se enfrentam quando tem que se deslocar família, de uma cidade para outra, pois aparecem vários problemas, tais como: acomodação, adaptação, escolares, financeiros, cidade com costumes diferente, enfim, inicialmente é um transtorno, dos quais, alguns são solucionados de imediato, outros perduram por algum tempo, e ainda alguns nunca serão resolvido, principalmente o emocional, onde atinge o sentimento de saudade da antiga morada. Assim sendo, muitas famílias tiveram grandes dificuldades nessa nova situação, pois algumas até possuíam residência própria e agora foram obrigados a viver alugando casa para suas acomodações. A Empresa pouco contribui para solucionar os problemas que viriam, pois para ela o fator principal era o serviço do empregado, considerando como primeiro plano. Entre as famílias transferidas veio a do Ananias, a qual era composta de 5 membros: ele , sua esposa e 3 filhos menores. Os filhos em idade escolar, já foi difícil a adaptação, inclusive o método de ensino trouxe a eles algumas dificuldades. Enfim, aos poucos as situações foram se encaixando e mais ou menos estavam levando a vida. Somente uma coisa ainda perdurava, a saudade da terra natal, principalmente dos filhos, pois estavam sofrendo com a nova adaptação Como éramos amigos, eu e o Ananias, uma tarde resolvi fazer uma visita. No quintal da casa em que morava existia um pé de eucalipto bem alto, talvez 15 a 20 metros. Quando lá cheguei, após os cumprimentos de praxe , conversa vai, conversa vem, no quintal, olhei para o pé de eucalipto, e na sua copa estava o filho mais velho do casal. Estranhando tal atitude, perguntei ao amigo que seu filho estava fazendo lá naquela altura, eis a resposta: pois é, todos os dias ele sobe nesse pé de eucalipto, para lá de cima ver se consegue avistar pelo menos a torre da igreja de Wenceslau Braz, assim matar um pouco à saudade que ele sente da cidade onde nasceu e viveu até vir para Ourinhos. Fiquei pensando o quanto aquela criança estava sofrendo, dado a essa radical transformação, sendo obrigado a ficar em um lugar contra sua própria vontade! É a vida!!! Ourinhos 2010.

Nadir Ferreira da Silva- Aposentado.

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