Ontem, 10 de dezembro 2009, em visita a nossa cidade, precisamente ao Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, esteve o Frei Marcos, o qual está sediado na Paróquia do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, na cidade de Siqueira Campos Pr. Ao assistir a missa por ele celebrada retornei-me ao passado, isto há 64 anos quando tinha meus 11 anos de idade, residindo na cidade que hoje ele vive, recordei-me da minha infância quando lá residi.Na época havia falecido minha mãe, então passei a morar com minha avó, “mãe de mamãe”, e devido o falecimento dela minha avó resolveu se transferir de onde morávamos para Siqueira Campos. Para sobreviver, eu e minha avó tinha que trabalhar, daí que fui trabalhar numa padaria, onde entregava pães para a freguesia, serviço este que iniciava às 4 horas da manhã e findava às 7 horas, todos os dias.. Daí o pouco que ganhava entregava para a avó, a qual juntando ao que ela ganhava nós vivíamos. Minha avó muito religiosa era assídua freqüentadora da igreja, assim sendo, eu também sempre acompanhava todas as vezes que ela participava da missa e das novenas. Lá conhecemos o padre Frei Beline Maria, sacerdote já com uma certa idade, exigente ao máximo, ordeiro com suas obrigações religiosas, severo e dominador, pois suas palavras eram uma ordem dentro da comunidade, assim agindo todos os fieis lhe tinham o maior respeito e nunca desobedeciam suas determinações. A cidade na totalidade de sua população era mineira, os quais vieram de Minas Gerais para ali se estabelecerem e trabalhar na lavoura, haja vista que o município todo à qualidade da terra era propicia ao plantio de café, considerando sua origem de terra roxa, ideal para a agricultura de um modo geral. A imigração mineira era tamanha que no inicio o povoado foi denominado de “Colônia Mineira”, justificando a sua população vinda de Minas Gerais.. Voltando a autoridade do vigário: seu povo fiel as suas recomendações, sua voz era ouvida aos quatro cantos da cidade. Sendo muito trabalhador, construiu um grande galpão, daí pediu a todos os fieis que ao trazerem para comercializar seus frangos, leitões e caprinos que dessem preferência a vender para a igreja, a qual comprava, depositava no galpão e dali revendia aos interessados, auferindo com isso alguns lucros para a manutenção da igreja. A partir daí ninguém mais conseguia comprar nenhum animal na rua, pois os colonos traziam todos para o Padre!!! O seu domínio era tanto que em sua época, na cidade só existia a religião católica, pois ele mantinha vigilante em toda a cidade, e quando aparecia alguma coisa que não era de seu agrado logo levantava acampamento, tudo sobre sua influência. A igreja era bem freqüentada, seus auxiliares acompanhavam os movimentos, sempre sobre a sua orientação. Na época muitos jovens dali saíram para os Seminários e muitos deles se tornaram religiosos, graças a perseverança do Frei Beline. Não sei precisar quando do seu falecimento, só posso afirmar que seu túmulo no Cemitério local, ainda hoje é bem visitado, pois sua passagem pela terra, principalmente em Siqueira Campos ficou bem definida, e os antigos moradores ainda deve recordar bem de sua personalidade firme e corajosa dentro do seu trabalho sacerdotal. Esta mensagem que acabei de retirar do arquivo e passar para o papel, está sendo enviada ao pároco do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, que através do irmão Padre Antonio Luiz, fizesse chegar uma cópia ao Frei Marcos, lá em Siqueira Campos.

Ourinhos – dezembro 2009 Nadir Ferreira da Silva –
Amor Exigente local